quarta-feira, maio 17, 2006

Clube Scolari

A convocatória de Luiz Felipe Scolari tem vários ângulos de análise, todos eles discutíveis. Mas, vendo bem, a lista não tem novidades.

Nota prévia

O técnico brasileiro trabalha na selecção como se fosse um clube e, assim sendo, depois de ter encontrado o grupo de trabalho em 2004, só o altera se for obrigado.

É neste princípio que jogadores como Costinha, Maniche, Nuno Valente, Quim e até Hugo Viana são chamados, independentemente do que estejam a fazer nos seus clubes.

É também graças a este factor que jogadores como Tonel, Miguelito, Pedro Mendes ou João Tomás não foram convocados.

O Euro Sub-21 foi outro factor condicionador das escolhas do técnico. Ficou claro que Scolari não contou com Moutinho e Quaresma devido às “esperanças”.

Face a estes pressupostos vamos à análise.

O que fez Scolari

Na baliza, para além de Ricardo e Quim, chamou Bruno Vale (titular das “esperanças”), tal como tinha feito em 2004 com Moreira, em detrimento de Paulo Santos.

Na defesa, a dúvida era: “Quem vai ser o substituto de Jorge Andrade?”. Das opções disponíveis (Tonel, Ricardo Rocha, Nunes), Scolari escolheu Ricardo Costa, precisamente o que tem menos minutos, mas o que mais jogos tem nas selecções desde os jovens (mais uma vez “o grupo”).

No meio-campo, sabendo-se das polémicas chamadas de Costinha e Maniche, a dúvida era saber quem ia ser o suplente de Deco (João Moutinho ou Hugo Viana). “Ganhou” o segundo – novamente o mais experiente, apesar de menos rodado.

No ataque, mais uma dúvida: Quem seria o quarto extremo: Boa Morte ou Quaresma. Lugar para o primeiro, outra vez, pela mesma razão, tem mais jogos, participou na qualificação, está mais integrado.

Posto isto, Luiz Felipe Scolari tem um grupo restrito de jogadores (como um clube) e deles não abdica, independentemente do que estiver a acontecer à sua volta, independente da forma dos “seus” jogadores e dos “outros” que possam aparecer.

Análise

Esta forma de trabalhar de Felipão tem, claro, vantagens e inconvenientes:

O facto de ter um grupo fechado, cria espírito de grupo, moraliza os jogadores, dá-lhes confiança e “obriga” os “eleitos” a seguirem as indicações do técnico “até à morte”. Exemplos disso: a defesa que foi feita por Ricardo ou Costinha (precisamente dois dos mais criticados em alturas diferentes).

Não conheço nenhum outro técnico que defenda tanto os seus jogadores e isso trás, obviamente, efeitos positivos.

Por outro lado, o autismo, cegueira, do “mister” é injusto para os jogadores que apareçam em forma. Que motivação têm esses atletas para continuar a trabalhar e evoluir se souberem que o treinador nem sequer procura alternativas e vai aos jogos observá-los.

Já agora, deixo mais duas achas para a fogueira em jeito de pergunta: era melhor ter Quaresma e Moutinho suplentes nos “AA” ou titulares nos Sub-21? Não seria preferível ter os jogadores em melhor forma, independentemente de fazerem ou não parte do “Clube Scolari”?

Claro que as ausências de Quaresma e Moutinho tiram magia à selecção e deixam a equipa muito dependente de Cristiano Ronaldo e Deco. Se houver algum "azar"...

Se o homem quer convocar só e apenas os integrantes do “Clube Scolari”, isso é lá com ele... depois responde é pelos resultados que conseguir ou não conseguir.

Deixo aqui um caso, se calhar, O caso da selecção: Costinha. Não estando a jogar, não seria convocável, quem seria chamado? Custódio ou Raul Meireles das “esperanças”, Luís Loureiro que chegou a ser chamado, uma adaptação (tipo João Paulo), um “remendo” (tipo Manuel Fernandes que é um “8”) ou um trinco de uma equipa pequena que nunca tenha sido convocado (os caceteiros Tiago ou Flávio Meireles). Enfim, não seria fácil.

Vamos ver se nos entendemos, o currículum de Scolari fala por si, ele tem total legitimidade para escolher quem quiser... Eu até acabo por perceber a ideia, mas acho que é uma teoria que deveria ser aplicada num clube e não numa selecção.

O que faria eu?

Confesso que teria feito três ou quatro escolhas diferentes nos “23”, mas também compreendo que nem em todas as posições há muitas opções.

Em vez de Ricardo Costa, Tonel. Se o argumento é a polivalência então levaria Ricardo Rocha.

Em vez de Hugo Viana, João Moutinho

Em vez de Boa Morte, Quaresma

Em vez de Postiga, João Tomás

Depois, a minha maior dúvida: Costinha, Pedro Mendes poderia entrar e, no caso de ser necessário um segundo trinco, avançaria Fernando Meira.

Posto isto, não vale a pena bater mais no ceguinho, as escolhas estão feitas e agora é esperar...

Apesar de tudo, uma coisa é certa: estes 23 são, em teoria, mais fortes dos 23 que estiveram no Oriente.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Quinta do Sr. Scolari
Infelizmente esta convocatória reflecete aquela que é a quinta do Scolari, um autêntica vergonha. Acho piada a quem diz que Portugal nuna tinha ido a uma final. Que interesse é que isso tem se não ganhámos???? Quanto à campanha do Mundial, não reconheço mérito a Scolari, que grandes selecções defrontámos nós??? A essa potência futebolística chamada "Eslováquia" a Espanha deu seis... somente.
Relativamente à convocatória, foi simplesmente uma vergonha. Costinha, Maniche, Hugo Viana, Quim, Ricardo Costa? e... sacrilégio... não levar Ricardo Quaresma????
Como é possível???? Não gosto do Ricardo, mas este merece ser o titular da baliza. Por mim, quem não joga, não deveria ser convocado.... Um treinador com tomates levava João Moutinho, Manuel Fernandes, Pedro Mendes, Paulo Santos e obviamente Quaresma. Além de falta de coragem, Scolari demonstrou aquilo que é: um prepotente e resingão. Por mim, só lhe consigo perdoar se Portugal trouxer a taça. Não lhe reconheço nenhuma competência. E se chegámos longe no Euro, devemos isso a Mourinho, a selecção tinha como base o f.c. porto de mourinho. Sou benfiquista e assuto-me só de pensar que este senhor pode ser o futuro técnico do benfica