terça-feira, março 22, 2005

Gosto muito de te ver leãozinho…

O Sporting derrotou esta noite o FC Porto e, para além de ter reentrado na luta pelo título, deu uma alegria aos milhões de benfiquistas que hoje foram “lagartos”.

Num campeonato estranho como este, em que os grandes vão de derrota em derrota, o título parece agora, a oito jornadas do fim, encaminhar-se para o Benfica.

Os “encarnados” têm neste momento seis pontos de vantagem sobre um quarteto: para além dos dois grandes, também Braga e Boavista.

No jogo de Alvalade só podia dar vitória do Sporting, face não só às incidências do mesmo (duas expulsões entre a equipa de Couceiro), mas também face ao futebol praticado.

Os “dragões” pouco ou nada mostraram, mesmo quando estiveram com “11” e só um Sporting de “serviços mínimos” permitiu aos adeptos leoninos só tranquilizarem ao minuto 94.

Depois das expulsões o FC Porto pouco ou nada podia fazer. Já o Sporting perdeu uma oportunidade de ouro de golear o adversário, tendo especialmente em atenção que na primeira volta os “azuis e brancos” venceram por 3-0.

José Peseiro tem um bom lote de jogadores, encontrou uma fórmula que resulta, mas continua a falhar nas substituições. Isso nota-se especialmente quanto a “táctica tipo” não engrena logo desde o início do jogo.

As próximas duas jornadas vão ser importantes: o Benfica recebe o Marítimo e vai a Vila do Conde, o Boavista recebe Sporting e FC Porto.

Os “encarnados” têm agora uma derrota de “margem de erro” mas não se podem distrair: nas últimas duas jornadas recebem os “leões” e depois vão ao Bessa.

Veiga-empresário, Veiga-gestor

Dizem as “más línguas” que José Veiga e Luís Filipe Vieira já não estão a viver no “melhor dos mundos” e que há fortes divergências entre os dois quanto ao rumo desportivo do Benfica.

Diz-se até que Veiga já não está a preparar a nova época e que, por isso, vai deixar a SAD “encarnada”.

Não sei se isso é verdade, mas sobre este “caso” vale a pena lembrar algumas coisas.

A “associação” Vieira/Veiga começou quando o actual presidente era gestor o futebol profissional e Veiga era (o mais bem sucedido) empresário de jogadores.

O objectivo era reconstruir uma equipa que tinha “batido no fundo” com um sexto lugar na SuperLiga. O caminho não era fácil porque dinheiro é coisa que não abunda.

A estratégia nos últimos três anos foi fazer o esforço de não vender nenhum jogador fundamental para o plantel. A excepção foi Tiago, que agora está no Chelsea.

Esta ideia resultou, melhorou a equipa, e os resultados começaram a aparecer: depois do 6º, subida para 4º, depois 2º e, na última época, 2º e Taça de Portugal.

Falta agora o equilíbrio financeiro que permita não destruir a equipa e, mesmo assim, contratar mais-valias.

Serve este último parágrafo para voltar à “estória” de Veiga.

Apesar de preferir o Veiga-gestor (que “despachou” muitos dos jogadores do Veiga-empresário) devo dizer que continua a haver erros incompreensíveis na construção do plantel que, seguramente, deitaram dinheiro à rua (Paulo Almeida, Everson, Delibasic, Karadas…).

Na próxima época, com Veiga ou sem ele, com Trapattoni outro, espero que as lacunas do plantel sejam colmatadas.

O que é certo é que, se o Benfica quebrar o "enguiço" e ganhar o título, 11 anos depois, muita da culpa é também da dupla Vieira – Veiga, que, curiosamente, deixaram o último jogo do Benfica em Setúbal abraçados.

quinta-feira, março 17, 2005

Pressão

A nove jornadas do fim da SuperLiga, o Benfica está com três pontos de vantagem sobre o segundo classificado.

Agora é que se vai ver se esta equipa, que está há 11 anos sem ganhar o título, tem ou não “unhas” para esta “guitarra”.

À primeira vista, tendo em atenção o que já se passou nesta época completamente atípica, parece que não.

Em (quase) todos os jogos com equipas “grandes” os “encarnados” perderam: contra o FC Porto (para a Super-Taça e na Luz para o campeonato), contra o Anderlecht (na pré-eliminatória da Liga dos Campeões), contra o Sporting (para a SuperLiga) e contra Estugarda e CSKA (Taça UEFA).

A destoar deste cenário absolutamente negro só o empate no Dragão (o último triunfo vem do último título nacional) e, já agora, a vitória frente ao Nacional, na Madeira, onde os “outros” perderam pontos.

Quando faltam 27 pontos para disputar e a equipa de Trapattoni tem, na teoria, o calendário mais acessível, é chegada a altura de perceber se o Benfica aguenta a “pressão” de seis milhões de adeptos, ansiosos por “matar este borrego”.

Talvez nunca como nesta fase da época seja tão importante ter um técnico como a “velha raposa” a orientar uma equipa tão “curta” e tão “inexperiente” como é este Benfica.

Vem aí mais uma jornada da SuperLiga – uma daquelas que pode já começar a ser decisiva. Com três pontos de vantagem, uma viagem difícil a Setúbal, e um Sporting – FC Porto para assistir, é altura de perceber se o Benfica tem “estofo de campeão”.

A equipa tem tido “estrelinha” (o jogo frente ao Nacional é disso exemplo), falta saber se isso é suficiente para suplantar os adversários, as fracas exibições e a tremenda pressão que é estar na frente.

quarta-feira, março 16, 2005

A “benfiquisação” do FC Porto

Parece impossível mas o FC Porto desta época parece o Benfica de há 11 anos.

Os “encarnados” tinham acabado de ser campeões nacionais com o técnico Toni. A direcção decidiu entregar o comando técnico a Artur Jorge e a revolução começou…

Do plantel vencedor sobraram poucos atletas e chegou o primeiro autocarro de jogadores, alguns de muito duvidosa qualidade.

Desde essa época de Artur Jorge até à chegada de Luís Filipe Vieira à “cadeira do poder”, o Benfica andou de “revolução” em “revolução”, de “treinador” em “treinador”, 15, 20 novos jogadores todos as épocas e resultados… zero.

A estabilidade voltou com a direcção actual e os resultados, lentamente, começam a ser visíveis: do sexto lugar da primeira época, a equipa subiu para quarto, depois foi segundo e, no ano passado, voltou a ficar em segundo na SuperLiga mas já venceu a Taça de Portugal – numa época muito difícil marcada pela morte de Miki Fehér e Bruno Baião.

Nas últimas épocas, do núcleo duro, o Benfica só perdeu Tiago, para o Chelsea. Vamos ver até quando vai ser possível manter esta política.

No FC Porto a estabilidade era um “bem sagrado”, imagem de marca de Pinto da Costa.
Depois do “fenómeno Mourinho”, em que os “dragões” venceram quase tudo, a equipa “azul e branca” ficou com um dilema: “o homem vai-se embora, e agora? Quem contratamos? O que fazemos a este plantel de campeões?

A escolha do experiente presidente do FC Porto foi radical: “vamos cortar a direito”. Vendemos quem somos “obrigados” a vender (Barcelona e Chelsea fizeram propostas irrecusáveis) mas vencemos também outros jogadores importantes na equipa Mourinho: Derlei, Carlos Alberto, Pedro Mendes, Alenitchev, mais os empréstimos de César Peixoto e Hugo Almeida.
Este segundo grupo de “vendas” não parece ser explicável de forma racional e os resultados estão à vista.

Para colmatar esta “sangria” foram contratados (muitos) jogadores brasileiros, alguns que ainda não justificaram qualidade para jogar no campeão europeu.

Se em relação a alguns não há dúvidas quanto à qualidade (Diego e Fabiano são mesmo grandes jogadores), já em relação a outros… muitas dúvidas se colocam (Leandro, Leo Lima, Pepe, Ibson, Leandro do Bonfim, Cláudio Pitbull, mais Quaresma e Hélder Postiga) e não se sabe se vão ter tempo para “mostrar serviço”.

A questão está em saber o que quer fazer Pinto da Costa: “apagar” esta época, fazer nova “revolução” no plantel, trazer mais um camião de jogadores (esperando desta vez não falhar) ou dar tempo a esta “escola de samba” e ao terceiro (!) treinador da época.

segunda-feira, março 14, 2005

Fazer omeletes sem ovos

Aproveitando as derrotas caseiras dos outros grandes, o Benfica tem, a nove jornadas do fim, três pontos de vantagem sobre o FC Porto e seis sobre o Sporting.

Esta é, para quem tem visto este campeonato e analisa os plantéis das equipas, uma situação quase inacreditável.

Os “encarnados” têm, dos três, o plantel mais curto, especialmente da defesa para a frente.

Petit e Manuel Fernandes (este miúdo vale o peso em ouro) estão “sozinhos” na tarefa de defender o miolo do meio-campo, Nuno Assis é o “10” e não há mais nenhum, Simão é o único extremo-esquerdo (já ele adaptado).

No ataque, Nuno Gomes não está nas suas temporadas (muito por culpa das lesões e da falta de um parceiro na frente), Mantorras (ainda?) não dá para 90 minutos.

Valha a defesa que vai terminar a época bem composta com Miguel e João Pereira na direita (também joga na frente dando descanso a Geovanni), Luisão, Ricardo Rocha, Alcides e André Luiz no meio e Dos Santos na esquerda.

Depois há os erros crassos: Paulo Almeida, que nada fez para merecer a contratação, Everson, que ainda não jogou devido a lesão e só se senta no banco, Delibasic, que não foi visto.

Fyssas, Karadas, Carlitos (esperança a que falta continuidade) e Bruno Aguiar só num Benfica com poucos recursos se justifica a manutenção na equipa.

Confesso que não sou fã de Giovanni Trapattoni - antes pelo contrário - e já o expressei várias vezes. Não gosto do futebol que o Benfica está a praticar, mas o que é certo é que, sem jogar bem e sofrendo em todas as partidas, a equipa da Luz arrisca-se a ser campeão, muito por culpa das “baldas” dos adversários.

O que é certo é que a política do Benfica tem sido não vender os seus diamantes.

Isso tem melhorado a equipa nas últimas épocas (visível na melhoria classificativa desde o catastrófico sexto lugar), mas tem dificultado a contratação de mais valias. É este equilibrio que falta encontrar (comprar bem e vender melhor sem destruir o plantel).

Entretanto, a “velha raposa”, contra tudo e contra todos, incluindo sócios e adeptos, vai tentando levar a “carta a Garcia” mesmo sem ter ovos suficientes para fazer boas omeletes.

Faltam 9 jogos, 27 pontos. A equipa da Luz tem, na teoria, o melhor calendário dos três e, parece, ser o grupo mais estável.

terça-feira, março 01, 2005

Clássico numa SuperLiga nada clássica

FC Porto e Benfica empataram no clássico do “Dragão”. Em dia de aniversário, os “encarnados” não queriam desiludir os adeptos e lá conseguiram arrancar um ponto, o que já não acontecia há 10 anos.

O jogo foi equilibrado e o domínio repartido: as “águias” entraram melhor, os dragões reagiram e perderam uma oportunidade clara. Na segunda parte, entraram melhor os de Couceiro mas, mesmo antes do golo de McCarthy, Nuno Assis e Geovanni perderam duas grandes “chances”. Após o empate do Benfica voltou o equilíbrio com McCarthy, primeiro, e Nuno Gomes, depois, a “perdoarem”.

Face a isto, nada ficou resolvido – como aconteceria com qualquer resultado – e tudo ficou ainda mais baralhado na frente.

O Sporting “despachou” o Estoril como lhe competia (com mais dois do “levezinho” e o “regresso” do Niculae) e, agora, os três grandes seguem empatados em primeiro lugar com 42 pontos.

A “complicar” as contas Boavista e Braga estão logo a seguir com 40 pontos.

“Isto” é coisa nunca vista na (chamada) SuperLiga portuguesa e já vamos na jornada 23.

O campeonato está como nunca e está difícil perceber o que vai acontecer.

O Sporting apresenta o melhor futebol, mas é uma equipa com “paragens”, “intermitente”, que, com uma defesa instável, pode prejudicar o futebol ofensivo.

Há, no entanto, entre a equipa de Alvalade uma “espinha dorsal” intocável: Ricardo (no melhor momento de forma desde que está de “leão” ao peito), Enakarihre (este nigeriano é um verdadeiro achado), Custódio (pêndulo da equipa. A equipa desce de produção na sua ausência e o plantel não tem substituto directo), Carlos Martins (o “maestro”, apesar de ter perdido gás após a lesão) e, claro, Liedson (o “levezinho” resolve).

Depois ainda há: Rogério, Polga, Rochemback, Hugo Viana, os “renascidos” Sá Pinto e Niculae (belo regresso contra o Estoril), os capitães Beto e Pedro Barbosa, Douala (grande início de época) e o miúdo Moutinho.

No Benfica, os adeptos rezam para que não haja lesões graves e castigos prolongados.

A equipa não tem grandes opções mas se Trapattoni tiver todo o plantel à disposição pode conseguir lutar pelo título.

Luisão, Miguel, Petit, Manuel Fernandes e Simão são “obrigatórios” em qualquer Benfica nesta época e, por isso, são massacrados com muitos minutos.

Por exemplo, o “capitão” nem sequer tem um suplente para a sua posição no plantel. O que acontece se o “20” “encarnado” não puder jogar durante quatro ou cinco jogos? Adaptações e a obrigatória perda de qualidade.

Numa segunda linha: Ricardo Rocha, Nuno Gomes, Geovanni e Nuno Assis (que, normalmente, completam os titulares).

Depois: Karadas, Alcides, João Pereira e Dos Santos (que ainda dão garantias).

A partir daqui ou não sabemos (tipo Everson e André Luiz que nunca jogaram) ou não queremos saber (tipo Paulo Almeida).

Há, obviamente, o “caso” da baliza: Moreira e Quim são dois grandes guarda-redes e a baliza fica bem entregue. Eu apostaria no mais jovem (por todas as razões… e mais uma – saiu injustamente da equipa após Belém).

O FC Porto vive uma época completamente atípica (três técnicos e carradas de jogadores utilizados).

Agora, com José Couceiro tem “obrigação” de melhorar, até porque tem um lote de jogadores impressionante, apesar de também desequilibrado (faltam extremos).

Vítor Baia, Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche e McCarthy fazem parte do “núcleo duro”.

Seitaridis, Ricardo Costa (grande época está a fazer), Diego já são confirmações.

Depois há os intermitentes (por exemplo Quaresma e Bosingwa) e os novos que ainda conhecemos mal e que mal conhecem o clube (Ibson, Bonfim, Leo Lima, Cláudio Pittbull…). A juntar a estes há ainda o Fenómeno Fabiano (grande jogador que parece zangado com o futebol e as boas exibições).