quarta-feira, março 29, 2006

"Anjo e Demónio"

Como têm reparado os (3) fiéis leitores deste blog, não tenho feito comentários às exibições de Moretto no Benfica.

Sabem os que me acompanham que eu sou, primeiramente, adepto do Moreira e, neste caso entre Moretto e Quim, fui defensor da titularidade do brasileiro.

Passando à frente de todos os jogos que realizou anteriormente, a exibição de Moretto, esta noite, frente ao Barcelona deveria ser transformada em "case study" e analisada por especialistas de várias áreas, do futebol e não só.

É inacreditável que, num mesmo jogo, o mesmo jogador, o mesmo guarda redes, seja "anjo" e "demónio", "herói" e "vilão", a "besta" e o "bestial".

O "31" "encarnado" comete dois erros gravissimos (agarrar a bola num atraso e a "desmarcação" para Etoo depois de uma defesa) que podiam ter acabado com a eliminatória.

Se o Benfica tem sofrido golos em algum destes lances, Moretto não tinha desculpa, seria, seguramente, crucificado e perderia, com naturalidade, a titularidade.

O que também é certo é que, para além desses casos inacreditáveis, que nem um jogador infantil pode cometer, Moretto fez uma exibição "cinco estrelas" - diria mesmo monumental - safando, pelo menos, uma média dúzia de "bolas impossíveis".

Já tenho pensado sobre o que se tem passado com o guarda-redes brasileiro e tenho uma teoria que, obviamente, é isso mesmo, uma teoria, sem qualquer base científica:

Moretto sofre do sindroma de "guarda-redes de equipa pequena": por um lado, precisa, para continuar concentrado, de estar sempre em acção, de ter (muito) trabalho; por outro lado, por ser jovem, mas especialmente não ter "escola" (veio do Brasil incógnito, depois Felgueiras, Setúbal e... salto meteórico para um Grande) falta-lhe adaptar-se à pressão de um clube grande.

Resumindo, para Camp Nou, o Benfica precisa das grandes defesas do Moretto, não das suas desconcentrações que matam sócios e adeptos de susto.

segunda-feira, março 27, 2006

A dúvida de Koeman

Admitindo que Ronald Koeman não vai enganar-se, pensar que é do Barcelona, e que vai mesmo orientar o Benfica amanhã, acredito que tenha uma dúvida: quem vai jogar no lugar de Nuno Gomes?

Para as outras posições não haverá, em princípio, dúvidas, sendo que há sempre a hipótese de Ricardo Rocha jogar para dar altura e peso à defesa:

Moretto
Nelson, Andersson, Luisão e Léo
Petit, Manuel Fernandes
Simão,...., Robert
Geovanni

Na vaga em aberto há, digo eu, três opções de características diferentes: um médio defensivo (Beto), um médio ofensivo (Karagounis) ou um avançado (Miccoli).

Koeman tem que pensar, bem, no que quer fazer e que resultado quer tentar sabendo que esta é uma eliminatória a duas mãos, que o primeiro jogo é em casa, que o adversário é, actualmente, a melhor equipa do mundo, mas sabendo também que o Barça vai jogar com debilidades defensivas difíceis de repetir.

Convém recordar que aos catalães faltam quatro titulares do meio-campo para trás [Puyol e Marquez (defesas-centrais), Edmilson (central ou trinco) e Xavi (trinco)], isto para além de Messi na frente.

Sabe-se, por outro lado, que a grande força do Benfica é a estrutura defensiva e é aí que os "encarnados" vão certamente voltar a basear o seu jogo contra um ataque temível com o melhor do mundo, o melhor africano e, se calhar, o melhor português.

No entanto, para além de não puder sofrer golos, a equipa da Luz tem que conseguir marcar para levar um resultado minimamente positivo para a segunda mão e o jogo de amanhã é o ideal para conseguir isso.

É preciso assumi-lo sem rodeios: o Benfica vai jogar frente ao Barça tal como as equipas da nossa Liga jogam contra os "encarnados": fechados e concentrados na defesa, rápidos e incisivos no contra-ataque, esperando um dia mau das estrelas adversárias.

Rijkaard, depois de poupar jogadores na última partida da Liga, vem jogar, seguramente, na máxima força possível, no 4-3-3 habitual.

Valdez
Belletti, Oleguer, Rodri, Gio
Mota, Van Boomell e Deco
Giuli, Etoo e Ronaldinho

Ora, sendo assim, o Benfica deveria, no tal pressuposto que é obrigatório marcar, jogar em 4-4-2 para ter maioria em todos os sectores do campo: Quatro defesas para três avançados, quatro médios para três e dois avançados para dois centrais.

Obviamente que esta táctica obrigaria a que, especialmente os quatro de meio-campo, tivessem um grande esforço quer defensivo quer ofensivo nas dobras, compensações e apoios.

Uma das dúvidas é saber, por exemplo, se Robert está disposto a ajudar o seu defesa lateral e, depois, ainda ter disponibilidade para sair para o ataque.

Posto isto, apesar de eu achar que vai acabar por entrar Beto (tal como no jogo em casa com o Liverpool), a minha escolha seria colocar Miccoli na frente com Geovanni.

quarta-feira, março 22, 2006

O oferecido

Já aqui escrevi noutros "posts" que acho que Koeman fala demais sobre determinados assuntos e, quase sempre, em alturas impróprias.

Aconteceu, por exemplo, no “caso Mantorras” (com o técnico a dizer, alto e bom som, que o angolano dificilmente voltaria a jogar. Aí está, pouco tempo depois, o mesmo jogador “deu-lhe” mais três pontos).

Voltou a acontecer após a partida com a Naval (Koeman atirou a toalha ao chão no que diz respeito ao campeonato, mas, dados os infelizes comentários, teve que voltar a trás e explicar-se melhor).

Agora, mais uma vez, o holandês falou em Barcelona e disse mais do que devia.

O desejo de Koeman é treinar em Espanha e, obviamente, uma equipa GRANDE como Real Madrid ou Barça.

Há vários pontos que merecem análise neste comentário do actual treinador do Benfica que, recorde-se, tem mais um ano de contrato com a equipa da Luz.

Por um lado, é perfeitamente legitimo que um treinador ou qualquer trabalhador queira melhorar a sua situação profissional ou financeira. Nada a opor quanto a isso.

O que já não me parece nada correcto é que o treinador se ande a “oferecer” a “merengues” ou a “blau grana” quando tem contrato em vigor com uma instituição desportiva e quando se sabe que um dos clubes citados como desejo/objectivo vai ser seu adversário directo dentro de poucos dias.

Para terminar - e isso já me parece vergonhoso – é que Ronald Koeman fale do Benfica como se estivesse a falar de um qualquer clubezinho lá da sua Holanda natal.

Alguém tem que explicar ao senhor Koeman o que é o Benfica e o que é que ele representa para o nosso país. Podia, por exemplo, ir informar-se com os dois últimos técnicos dos “encarnados” (Camacho e Trapattoni), que demonstraram bem mais respeito pela instituição.

O aperitivo

Joga-se, esta noite, a “final antecipada” da Taça de Portugal ou, melhor dizendo, o “ensaio geral” da decisão da Liga.

Este é um jogo a eliminar, tudo vai ficar resolvido… o que quer dizer que FC Porto e Sporting vão ter, ambos, que procurar o golo porque o empate não serve a ninguém.

FC PORTO

Os “dragões” começam a dar mostras (especialmente nas últimas três partidas) de que interiorizaram o 3-3-4 como “táctica de partida”, com a “nuance” da posição do Paulo Assunção (que faz de quarto defesa).

A adaptação de Pepe ao novo sistema, o (surpreendente) atrevimento atacante revelado, agora, por Raul Meireles (com tiros de fora da área e entradas como segundo avançado), a disponibilidade de Adriano para jogar um pouco mais atrás quando necessário e o regresso aos golos de McCarthy ajudaram o FC Porto a sair da “dependência” de Lucho e Quaresma.

Apesar de já ter resolvido estas “questões”, que melhoraram a equipa, Co Adriaanse tem outras posições que não estão ainda consolidadas: as laterais da defesa e o lado esquerdo do ataque.

Por exemplo, neste último caso, o técnico holandês já experimentou Lisandro Lopes, Alan, Ivanildo, César Peixoto e, agora, o miúdo Anderson.

Aposta para hoje:
Vítor Baia
Bosingwa, Pepe, Pedro Emanuel
Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho
Quaresma, Adriano, McCarthy e Anderson

SPORTING

Do lado do Sporting, dificilmente se pode pedir mais a uma equipa que leva 10 vitórias consecutivas (oito para a Liga, duas para a Taça).

Sem deslumbrar, longe disso, os “leões” têm demonstrado eficácia e unidade, o que lhes tem permitido marcar um golinho, sofrer o assédio do adversário e, depois, matar o jogo no contra-ataque.

Com Abel, Caneira e a titularidade de Tonel a defesa ganhou a consistência que nunca teve com Peseiro, o “losango” de meio-campo funciona melhor com Moutinho ao centro e o ataque, apesar de menos goleador, continua a cumprir.

Aposta para hoje
Ricardo
Abel, Tonel, Polga e Caneira
Custódio, Carlos Martins, João Moutinho e Sá Pinto
Liedson e Deivid

O JOGO

Ora, no papel, o que é que temos: um 3-3-4 dos “azuis”, um 4-4-2 dos “verdes”.

Sendo assim, a chave vai estar precisamente nas defesas: como é que os quatro defesas do Sporting (seguramente com o apoio de Custódio) se vão dar com os quatro avançados do FC Porto? Como é que o central Pepe se vai dar, sozinho ou com Paulo Assunção, com Liedson e Deivid?

Depois há os artistas que, individualmente, podem resolver a partida: O “levezinho”, mais Moutinho e Carlos Martins, por exemplo; Lucho, mais Quaresma e, quem sabe, Anderson e McCarthy.

Também no banco, ambos os técnicos têm boas opções ofensivas para virar o jogo, se necessário for: Lisandro e Hugo Almeida, Koke, Douala e Nani.
Hoje é a Taça, de aperitivos, para o prato principal da Liga dentro de alguns dias. Aí é outra “estória”.

segunda-feira, março 20, 2006

O bombom envenenado

O Benfica foi beneficiado esta noite em Vila do Conde, frente ao Rio Ave, e deve assumir-se isso sem traumas.

Há um golo mal anulado aos donos da casa (a bola dá toda a ideia de não ter saído), já bem perto do final da partida, e o golo dos “encarnados” é precedido de falta (Mantorras ainda não é judoca).

São, portanto, lances decisivos que ofereceram três pontos ao (ainda) campeão nacional.

O que gostava de notar é que, após uma época em que o Benfica tem sido muitíssimo prejudicado pelas arbitragens, de que são exemplo as três últimas partidas (Estrela da Amadora, Naval e Guimarães), os “encarnados” foram hoje claramente beneficiados.

Coincidência? Talvez não.

Se calhar não é coincidência que a mesma arbitragem que arredou o Benfica da luta pelo título e da Taça de Portugal, seja a mesma que, agora, lhe oferece três pontos importantes para a luta pelo… terceiro lugar.

Este benefício à equipa da Luz (claramente a mais prejudicada dos três grandes durante a época) deve estar a ser interpretado como um: “Estão a ver, vocês queixam-se, queixam-se, mas também são beneficiados”.

Pois, agora…

PS1: Para a semana há um decisivo Benfica - Sporting de Braga, na luta pelo... terceiro lugar.

PS2: Era bonito que, agora, os dirigentes "encarnados" admitissem o benefício.

O regresso

Cinco meses depois, mais cedo que o esperado, o guarda-redes Moreira voltou à baliza do Benfica num jogo oficial.

O jovem defendeu as redes da equipa B dos “encarnados” e, ao que consta, foi decisivo no difícil empate conseguido frente ao Louletano, líder do campeonato.

Foi uma recuperação em tempo recorde do miúdo que, agora, necessita de ganhar ritmo para, quem sabe, voltar à baliza da equipa principal.

O sistema

O FC Porto é o líder da Liga com dois pontos de vantagem sobre o Sporting e sete sobre o Benfica. A “nova” táctica parece estar a assentar e a dar frutos.

O 3-3-4 foi estreada na segunda parte do jogo da Estrela da Amadora, numa altura em que os “azuis e brancos” queriam virar um resultado.

A partir daí, o holandês Co Adriaanse manteve o sistema nos jogos seguintes, mas a equipa demorou a adaptar-se: vitórias magras, dois empates e a derrota na Luz.

Desde o clássico… três vitórias, zero golos sofridos e, mais do que isso, vitórias seguras e boas exibições.

O “tira-teimas” pode ser já na próxima quarta-feira, na meia-final da Taça de Portugal, naquele que será um aquecimento para o jogo decisivo do campeonato.

Vamos ver como é que os três defesas, os três médios (sem um claro camisa "10" e com um dos trincos a fazer de quarto defesa) e os quatro avançados (com dois alas e dois avançados-centro) se dá com Liedson e companhia.

O certo é que Pepe tem conseguido, neste novo formato, comandar a defesa de uma forma que me tem, claramente, surpreendido. McCarthy voltou aos golos, Lucho é isso mesmo e Quaresma até já nem parece tão importante.

Duas mãos cheias

O Sporting alcançou esta noite a 10ª vitória consecutiva em jogos oficiais e este facto é de assinalar.

É obrigatório dar mérito a quem o merece e os “leões” de Paulo Bento merecem que se realce este facto.

São 10 vitórias consecutivas (oito para a Liga, duas para a Taça), cinco das quais sem sofrer golos.

Tudo começou, curiosamente, no “derby” da Luz, na partida em que a equipa de Alvalade jogava o “tudo ou nada”.

A segurança defensiva e a união do grupo são as notas de destaque deste novo Sporting que, não jogando bem, privilegia os resultados.

Paulo Bento ganhou o grupo depois de dar uns puxões de orelha, tem tido sorte em alguns jogos, poucas lesões na estrutura base e conseguido gerir bem os amarelos num plantel curto.

Vamos ver até onde se aguentam estes “leões” que têm quarta-feira uma “final”, na meia-final da Taça de Portugal, frente ao FC Porto.

sábado, março 18, 2006

Quo Vadis Sporting?

Por uma unha, a proposta de Filipe Soares Franco não convenceu dois terços dos sócios presentes na Assembleia Geral do Sporting e a questão que se coloca é: E Agora?

O que vai fazer o presidente do clube? Confirma o que prometeu e avança para eleições antecipadas, sem se candidatar?

O que fazem os candidatos a candidatos que estavam contra a venda de património não desportivo?

Vai haver dinheiro para pagar os salários nos próximos meses?

O que se faz aos contratos com o BES?

quarta-feira, março 15, 2006

E depois do adeus?

O Benfica caiu esta noite na Luz para a Taça de Portugal diante do Vitória de Guimarães e reafirma a crise nos resultados internos.

Mais uma vez, foram vários os factores que justificam mais esta derrota do (ainda) campeão nacional:

- A equipa voltou a entrar mal, de forma lenta e que, só depois de ter sofrido o golo, é que verdadeiramente procurou o golo.

- Koeman demorou a ler o jogo, errou ao apostar em Mantorras, atrasou-se a colocar Robert e manteve muita gente atrás contra um Guimarães com 10.

- Continua a haver titulares em baixo de forma que jogam sem se perceber porquê mas, mais grave ainda, é que dá toda a ideia que o técnico já não manda na equipa e já não controla os jogadores.

- As lesões condicionaram a estratégia, já que a equipa, de repente, ficou sem Alcides, Léo, Petit, Simão e Miccoli.

- É verdade que a expulsão de Cléber é forçada, mas não percebo como é que Paito e Flávio Meireles ficaram em campo. Por outro lado, foi incrivel o anti-jogo vimaranense, que começou ainda no primeiro tempo.

- O guarda-redes Nilson, que já deu frangos monumentais esta época, terá feito o jogo da sua vida.

- Pelo terceiro jogo consecutivo, o Benfica foi prejudicado pela arbitragem. O golo de Dário foi irregular já que Flávio Meireles joga com o braço. Dá a sensação que quanto mais os “encarnados” se queixam, mais problemas têm.

Agora que disse adeus à Taça de Portugal, se atrasou na Liga portuguesa e vai defrontar “só” o Barcelona na Champions, a situação do futebol do Benfica, em geral, e de Koeman, em particular, é muito complicada.

O máximo risco ou a máxima incompetência

Sou daqueles que acredita que só um plantel equilibrado e com opções em todas as posições pode ganhar campeonatos e, mais do que isso, pretender manter-se na luta por várias competições.

Exemplo disso, o FC Porto de José Mourinho que conseguiu vencer primeiro a UEFA, depois a Champions, ao mesmo tempo de conquistava a Liga nacional e ainda uma Taça de Portugal.

A qualidade, competitividade e rotatividade do plantel permitiu ao técnico gerir melhor e assim tirar o máximo rendimento dos atletas.

Vem tudo isto a propósito do plantel e da temporada do Benfica.

Não consigo entender como é que uma equipa, que está a disputar três competições oficiais, e com aspirações a lutar pela vitória, se arrisca a fazer metade da época com apenas seis defesas.

Já aqui tinha deixado clara (na reabertura de portas em Janeiro) a minha oposição às dispensas no "mercado de Inverno" de João Pereira e Dos Santos. Agora, sou obrigado a lembrar esse facto, numa altura em que Alcides e Léo estão fora de combate e o próprio Luisão vai jogar saido directamente da cama com uma constipação que o impediu de defrontar a Naval.

A questão que se coloca é: Quem promoveu estas saídas? Quem as autorizou? Com que justificação? Que alternativas ficam?

Por exemplo, na partida desta noite frente ao Vitória de Guimarães para a Taça de Portugal, Koeman tem à sua disposição, apenas, quatro defesas (Nélson, Luisão, Andersson e Ricardo Rocha). Mais estranho ainda é o facto de, no banco, não haver um único jogador de características defensivas.

É nestas alturas que importa recordar aos técnicos do Benfica que está disponível uma equipa B, que tem que servir para estas situações.

Num jogo a meio da semana, o que impede alguns dos miúdos da segunda equipa dos "encarnados" de, pelo menos, irem para o banco e, eventualmente, substituirem alguns dos titulares?

Das duas uma: ou é incompetência dos técnicos - e eu não quero acreditar nisso porque foi-nos dito que Tony Bruins era especialista em jovens talentos - ou é a prova de que as camadas jovens não estão a produzir qualidade - também me custa a acreditar porque, nos últimos dois anos, conquistaram um título de juniores, foram à final de outro e subiram de divisão com os "B".

O que fará Koeman se acontecer mais uma lesão (grave) entre os defesas? Vai ter que partir para as adaptações. Aqui ficam as sugestões: Marco Ferreira (lateral direito), Marcel e Mantorras (centrais), Manduca (defesa-esquerdo).

Há coisas com que não se devia brincar...

segunda-feira, março 13, 2006

Ressaca

O Benfica voltou a empatar frente à Naval (*) e terá dito adeus à revalidação do título.

No regresso às competições internas, depois da noite épica de Anfield Road, os “encarnados” entraram mal, mas, mesmo assim, criaram situações de perigo suficientes para ganhar o jogo tranquilamente.

Um misto de azar, ineficácia ofensiva e intervenção “exterior” explicam este resultado, numa partida em que a equipa de Koeman fez 22 remates à baliza, sem conseguir marcar uma única vez.

Não há palavras para descrever os falhanços de Andersson e Marcel, já na parte final do jogo…

Este é o terceiro jogo de ressaca das competições europeias que corre mal ao campeão nacional com mais um empate (seis pontos deitados à rua só nestas situações).

Agora, a oito jogos do fim do campeonato e no meio de um furacão de 11 jogos no espaço de um mês, o Benfica muito dificilmente recuperará os sete pontos que tem em atraso.

PS: Pior que o resultado, só mesmo as lesões de Alcides e Léo. Só espero que não sejam graves.

(*) Como é que uma equipa como a Naval do fundo da tabela rouba quatro pontos ao Benfica?

sábado, março 11, 2006

“Fora de jogo” (3)

As discussões ciclicas entre dirigentes do futebol português são demonstrativas que o nosso futebol tem, ainda, pormenores do terceiro mundo.

A facilidade com que se fazem acordos, alianças, manifestos é a mesma com que se desfazem. O meu “amigo” de hoje, é o meu inimigo de amanhã... e vai rodando, consoante as conviniências de uns e outros.

Vem tudo isto a propósito da última polémica: a que coloca frente a frente Filipe Soares Franco e Luís Filipe Vieira.

Foi o presidente do Sporting que “abriu as hostilidades” ao servir-se do exemplo do Benfica para dizer: “o nosso passivo é grande, mas o deles é maior”.

Não sei se as contas dos clubes estão certas (alegadamente ambas são auditadas), mas parece-me uma criancice este tipo de conversa: “o meu pai é melhor que o teu, ‘tá bem, mas o meu é maior”.

Ora, a esta criancice de Soares Franco (que quer justificar os erros de gestão com o injustificável - o Benfica é maior, gera mais receitas, consegue ir pagando aos bancos), deveria Vieira ter ficado calado, mas infelizmente não resistiu e foi ressuscitar o “caso Nacional”, que não faz o mínimo sentido.

(Quase) Impossível

Foi o Barcelona que calhou em “sorte” ao Benfica no sorteio da Liga dos Campeões.

Antes das “bolinhas”, tinha três prognósticos de nível diferente:

- o “fácil”: Villarreal (especialmente porque temos umas contas a ajustar, mas que tinha o problema de tornar os “encarnados” como favoritos e isso parecia-me contraproducente face à forma como a equipa joga).

- o “difícil”: Arsenal (porque é inglês e, já agora, completava-se a “triologia”, com uma defesa frágil, mas que tinha um enorme problema chamado Thierry Henry).

- o “impossível”: Barcelona (a melhor equipa do mundo que, em princípio, só seria “útil” para a receita e para o campeão nacional jogar a “sua” final antecipada).

Calhou mesmo a equipa da Catalunha e apetece perguntar: E agora? Há alguma hipótese?

Vamos a factos concretos e objectivos: o Barça lidera, tranquilo, o campeonato espanhol; o Barça “despachou” a primeira fase da “champions” com cinco vitórias e um empate (fora); o Barça tem um “goal-average” de 16-2, nestes seis jogos; o Barça eliminou o Chelsea, “sem espinhas”.

Como se isto não bastasse: os “blau-grana” têm “só” o melhor jogador do mundo e o melhor jogador africano, isto, claro, para além de um tremendo lote de internacionais: brasileiros, argentinos, franceses, holandeses, suecos, portugueses e, até, espanhóis.

A equipa de Rijkaard joga habitualmente em 4-3-3

Valdés
Belletti (Oleguer), Puyol, Marquez, Gio
Edmilson, Thiago Motta (Van Bommel), Deco
Messi, Etoo, Ronaldinho

Duas notas: falta aqui Xavi (que está e estará no “estaleiro” e é necessário descontar Puyol (castigado) e Messi (lesionado) do jogo da primeira mão.

Face a este cartão de visita e potencial, o que tem o Benfica a perder? Nada ou muito pouco.

O campeão nacional, de regresso à “alta roda”, depois de vários anos de ausência – é necessário ser realista e pôr os pés no chão -, já cumpriu mais do que a sua “obrigação” (não podemos esquecer-nos que os “encarnados” partiram do quarto pote e, entretanto, já eliminaram Manchester United e o Liverpool), por isso, este jogo é já uma espécie de bónus.

Para além das vitórias históricas, o Benfica já fez também 15 milhões de euros com esta campanha e isso não pode, obviamente, ser negligenciado.

Agora, tudo o que vier, é lucro: se perder, não perde nada, se ganhar, pára o país e espanta o mundo futebolístico.

O milagre pode voltar a acontecer. É “só” preciso sorte, concentração máxima, entrega total, segurança defensiva, meio-campo activo e um ataque matreiro e mortífero.

Para além disto, basta só anular algumas pedras do adversário.

Como se percebe, não estou a pedir nada de especial. Não é impossível, só “quase”.

Atenção, ninguém ganha um jogo antes do tempo... e sonhar ainda não paga imposto.

Dia 28, vai ser bonita a festa, pá. Era tão bonito repetir a vitória da final de 1961.

quarta-feira, março 08, 2006

Quem veio... morreu

Confirmou-se o prognóstico do presidente do Benfica após a eliminação do Manchester United: o adversário seguinte dos "encarnados" caiu aos pés do campeão português e o adversário era só o Campeão Europeu.

O Benfica fez um jogo fantástico, concentrado, tranquilo, com poucos erros defensivos e com a dose de sorte, que é sempre necessária nestas partidas.

É verdade que o Liverpool teve mais posse de bola, mais ataque, mais remates, mas a equipa da Luz nunca perdeu a cabeça e marcou em momentos decisivos.

Mesmo sem Petit (Beto terá feito o seu melhor jogo), a equipa esteve coesa e até podia, ofensivamente, ter conseguido melhor.

Na equipa. destaque para Andersson e Léo, na defesa, Manuel Fernandes, no meio-campo, Geovanni e Simão, na frente.

Decisivas ainda as entradas de Karagounis, Ricardo Rocha e Miccoli, o que quer dizer que Ronald Koeman esteve bem no banco.

No regresso à Europa, o Benfica está de parabéns porque venceu e venceu bem, com dois golos fabulosos.

Agora, venha quem vier, já não há nada a perder e o sonho continua...

PS: Entretanto, "matámos o borrego": marcámos, ganhámos e eliminámos o Liverpool.

Sem medo... e com cabecinha

O Benfica defronta, daqui a pouco, o Liverpool na segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Vai ser preciso sofrer, mas tudo pode acontecer.

A lesão de última hora de Petit é uma péssima notícia para o grupo e vai fazer muita falta à equipa e não vai ser verdadeiramente colmatada por ninguém.

Sem o senhor Teixeira, parece que vai jogar Nuno Gomes nas costas de Geovanni na frente, com Beto no “lugar” de Petit.

Para lá disso, Moretto vai continuar na baliza.

Na defesa vai jogar o quarteto dos últimos jogos (Alcides, Luisão, Andersson e Leo) e, seguramente, os quatro internacionais brasileiros vão ter muito trabalho contra o temível ataque aéreo inglês (com Crouch e Morientes).

No meio campo, dois trincos (com Manuel Fernandes a tentar fazer a Gerrard o que fez a Lucho) e dois extremos (Robert e Simão) para aproveitar as lacunas das laterais do Liverpool.

No ataque, como já disso, Nuno Gomes vai jogar nas costas de Geovanni.

Resumindo, vai ser preciso aguentar a pressão do público, o “pressing” da primeira meia-hora dos “red devils”, mas, ao mesmo tempo, nunca perder a cabeça, saber controlar a bola, pôr a bola no chão, contra-atacar sempre que for possível e tentar o golo.

O Benfica tem um golo de vantagem, tem que saber sofrer e continuar a acreditar.

Por outro lado, se acontecer a derrota na eliminatória, os “encarnados” não perdem nada, a experiência e o favoritismo são do Campeão Europeu e o Benfica já cumpriu a sua obrigação, neste ano de regresso.

Nota final para três jogadores que vão ser titulares: Moretto, Beto e Simão.

Moretto tem tremido mas, hoje, em Anfield, o guarda-redes pode começar por justificar a contratação com uma exibição tranquila, segura, num dia de muito trabalho “à Setúbal”.

Beto tem sido assobiado por ter um tipo de jogo que não agrada aos adeptos, mas, hoje, se aguentar a pressão, pode ser fundamental, especialmente depois da lesão de Petit. É mais um que pode hoje justificar porque foi contratado.

Simão anda há meses “desaparecido”. Esperemos que volte hoje a ser decisivo, como já foi tantas vezes.

Entretanto, a equipa da Luz já facturou 10 milhões de euros e, só o jogo de hoje, vale mais cinco milhões.

Et pluribus unum...

A baixa e a escolha

Jorge Andrade lesionou-se com gravidade e vai ficar fora do próximo Mundial de futebol.

É uma baixa de peso para a selecção nacional – não podemos esquecer-nos que estamos a falar de um titular indiscutível dos últimos anos – e uma infelicidade para o atleta, que vai perder este grande palco.

Agora, é caso para perguntar: O que vai fazer o senhor Scolari para colmatar a ausência do jogador do Depor?

Seguramente, seja quem for o escolhido do técnico brasileiro, vai ser uma surpresa para todos.

Infelizmente, em nenhum dos vários jogos particulares e oficiais, foram testadas alternativas. Nunca se saiu do “catálogo” habitual e, agora, que é necessário ir à procura de um novo “cromo”, podemos não saber onde o ir buscar.

Luiz Felipe Scolari vai ter que descobrir um defesa-central para fazer companhia a Ricardo Carvalho, Fernando Meira e Caneira.

Como não sei se ele tem visto jogos suficientes ou se conhece outros jogadores para além daqueles que convoca, vou dar-lhe várias opções:

- Ricardo Rocha ou Ricardo Costa (dois jogadores dos “grandes” que, em tempos, chegaram à selecção nacional, mas que não são titulares indiscutíveis nas suas equipas – não que isso seja impeditivo nos critérios do treinador).

- Nunes e José António (dois centrais titulares no estrangeiro, mas que nunca foram chamados e nunca devem ter sido vistos pela equipa técnica).

- Beto (esteve no Euro 2004, mas, entretanto, perdeu influência no Sporting, foi para Bordéus, onde não é primeira opção) e Litos (que também chegou a ser chamado e foi sempre um nome para reforçar os grandes).

- José Castro (titular da Académica, grande futuro, mas que deve estar limitado por ter o Europeu de Esperanças antes do Mundial).

- “Last but not least” aquele que seria, em princípio, a minha primeira escolha: Tonel. É titular do Sporting, tem experiência de outras equipas, está em forma, é rápido...

Espero que ajude...

PS: Esperemos é que não haja mais baixas.

segunda-feira, março 06, 2006

O sincero ou o ingénuo

Ronald Koeman admitiu, antes da última partida, que Mantorras vai ter dificuldades em voltar a jogar pelo Benfica e que, talvez, fosse melhor para o atleta ser emprestado no final da época.

Esta declaração do técnico holandês tem tanto de verdadeira como de despropositada. Vamos por partes:

Koeman preferiu ser sincero, a dar uma resposta politicamente correcta e isso caiu mal em alguns sectores.

É verdade que Mantorras, em condições normais, é a última opção para o ataque “encarnado” depois de Nuno Gomes, Miccoli, Geovanni e Marcel. Como se percebe, se não houver lesões, o avançado angolano terá poucas hipóteses de jogar.

Convém não esquecer ainda que, para além da concorrência dentro das “quatro linhas”, Mantorras tem outro grande adversário (o maior): o joelho.

A grave lesão e a incúria dos médicos (também do Benfica), que o afastaram dos relvados durante dois anos, destruiram (sem aspas) a carreira do “9”.

Mantorras dificilmente fará 90 minutos e ainda mais dificilmente uma época com 50 jogos oficiais.

Será que um clube como o Benfica se pode dar ao luxo de conservar um activo que joga meia-hora de tempos a tempos?

É duvidoso... a não ser que seja por uma espécie de “sentimento de culpa”.

É aqui que entra o “puxão de orelhas” que o presidente do clube deu ao técnico holandês. Algo do género: “Koeman precipitou-se, Mantorras faz parte do plantel, qualquer assunto deve ser discutido internamente, nada está decidido”.

Em tese, nada a obstar a esta declaração de Luís Filipe Vieira, que, como se percebe, acaba por não contrariar em nada a teoria do treinador.

No entanto, Koeman escolheu mal a altura para falar sobre isso, especialmente por duas razões: primeiro porque o mercado futebolístico acabou de fechar e depois porque, faltando ainda três meses para o final da época, é bem possível que Mantorras venha mesmo a ser necessário.

Como vão reagir jogador e técnico se chegarmos a uma situação desse tipo?

“Last but not least”: Koeman “esqueceu-se” que não tem os sócios e adeptos conquistados e, por isso, deveria ter mais cuidado em atingir um dos “meninos queridos” do “terceiro anel”.

Apesar de ter vindo de lesão, Mantorras foi decisivo em várias partidas da época passada, em jogos que acabaram por “carimbar” o título há 11 anos procurado. Os benfiquistas não esquecem isso...

Resumindo, compreendo as duas partes: acho que Mantorras não tem (infelizmente) condições para jogar no Benfica ao mais alto nível e, por isso, deveria ser emprestado e apoiado pelo clube; no entanto, também percebo o presidente. Esta não é a altura para falar nisto.

Enfim, uma questão de “timming”.

quinta-feira, março 02, 2006

"Fora de jogo" (2)

É mais um sério aviso para quem anda distraido ou quer "tapar o sol com uma peneira": o caso "Apito Dourado" é só a ponta de um iceberg - é Maria José Morgado quem o admite em declarações à RR.

Diz a Procuradora Geral Adjunta que casos como estas "são realidades patológicas do mundo do futebol e que têm de ser combatidas permanentemente, sob pena de não termos verdade desportiva, embora o fenómeno seja muito mais vasto do que isso".

"Isto exige uma máquina judiciária e um aparelho de investigação, que no nosso caso ainda não está preparado. Mas o pior de tudo nessas situações é a impunidade. Nunca se investiga tudo, agora pior do que isso é não se fazer nada".

Maria José Morgado acrescenta que falta organização e eficácia ao Ministério Público e que "a criação de um mega processo como o Apito Dourado é sempre muito morosa e de eficácia duvidosa".

Disse, 'tá dito. Quem sabe, sabe...

quarta-feira, março 01, 2006

Catálogo

Luiz Felipe Scolari disse esta terça-feira que Portugal tem poucas opções para algumas posições.

Até sou capaz de concordar com ele, até porque, obviamente, Portugal não é o Brasil, mas seguramente que lhe encontro um bom lote de jogadores que o seleccionador nunca convocou.

Antes disso, gostaria só de dizer que até percebo aquela ideia do treinador de querer transformar o “grupo de seleccionáveis” numa espécie de “clube”, com um lote de “convocáveis”.

Reparem que escrevi “percebo”, não escrevi “concordo” porque, apesar da ideia de Scolari ser potenciadora do “espírito de grupo” e do “entrosamento”, não dá margem de manobra… “não permite” lesões, subidas e descidas de forma, aparições súbitas…

Ora, posto isto, vamos então lá ajudar o senhor Scolari.

De um lado, o “11” (chapa 5) do técnico brasileiro, do outro, as opções “nunca convocáveis” (jogadores habitualmente titulares nas suas equipas e que nunca foram chamados por esta equipa técnica).

Ricardo – Pedro Roma (Académica)

Miguel – Abel (Sporting)

Ricardo Carvalho – Nunes (Maiorca)

Jorge Andrade – Tonel (Sporting)

Nuno Valente – Miguelito (Nacional)

Costinha – Lucas (Boavista)

Maniche – Pedro Mendes (Porthmouth)

Deco – Carlos Martins (Sporting)

Figo – José Manuel (Boavista)

Pauleta – João Tomás (Sp Braga)

Cristiano Ronaldo – Duda (Málaga)

É uma escolha para a mesma táctica e ainda deixa bons jogadores de fora. Não é muito difícil encontrar uma equipa 100% alternativa (sem sequer ir aos sub-21 ou às apostas intermitentes)... basta ver jogos.

Era bom que o senhor Scolari deixa-se de convocar por catálogo.

PS: Admito que algumas destas opções possam ser polémicas ou estranhas mas, para mim, mais estranho é convocar jogadores que não jogam ou jogadores que não se vê jogar.