segunda-feira, outubro 31, 2005

“Fora de jogo”

Estava prometido que não se falaria de assuntos colaterais ao jogo jogado e às quatro linhas neste espaço. No entanto, sinto-me tentado a abrir uma nova rubrica para as excepções.

Depois do “Outras bolas” (em que se fala de outros desportos que não o desporto-rei), aqui está o “Fora de Jogo”.

Para a estreia, a personagem principal é Chumbita Nunes, presidente do Vitória de Setúbal.

Está prometido que é nesta semana que os jogadores do plantel sadino vão receber parte dos salários em atraso. A última vez que a maioria viu “a cor do dinheiro” foi em Julho. Em causa estará uma verba a rondar os 275 mil euros.

Para além de ser grave que um clube profissional (ou qualquer empresa) não tenha dinheiro para pagar aos seus funcionários (especialmente quando tem – ou deveria ter - que apresentar contas em dia e garantias bancárias), há ainda um outro dado “curioso”.

É que, enquanto os jogadores estão com vários meses de salários em atraso, ficou a saber-se, durante a assembleia geral do clube, que o senhor Chumbita tem o seu ordenado de presidente em dia.

Ora, a questão que se coloca é: “Onde está a moralidade disto?”. “Como pode um líder de um grupo motivar as suas "tropas" se está em condições de completa desigualdade?”.

A pérola é que o senhor Chumbita justifica o facto de ter as suas contas em dia (ao que consta oito mil euros mensais) com o facto do dinheiro que recebe do Setúbal ser o seu único rendimento!!!

A sério! Não me diga. Já agora que outros rendimentos recebem os atletas do plantel profissional do Vitória de Setúbal?

Por favor, senhor Chumbita, faça um favor ao Setúbal: demita-se.

quinta-feira, outubro 27, 2005

O erro da baliza

O Benfica confirmou ontem, pela voz do Director-geral, após o jogo com o Leixões, que não vai, pelo menos para já, contratar um novo guarda-redes.

José Veiga diz que não faz sentido contratar um jogador que só pode alinhar na “Champions”.

Entretanto, Moreira está lesionado nos próximos seis meses e Quim está “fora de jogo” 10/15 dias.

Tendo em conta todas estas permissas, acho bem.

Terminou assim mais esta novela em que o nosso campeonato é pródigo. Ficam, no entanto, algumas notas.

· Não entendo como é que o campeão nacional, que está em quatro competições (Liga portuguesa, Liga dos Campeões, Taça de Portugal e SuperTaça), comete o erro de ter apenas duas opções para um lugar específico como a baliza.
· Não entendo como é que, depois de “casa arrombada”, os “encarnados” querem pôr “trancas na porta”, ou seja, tentar um regime de excepção para ir buscar um outro guarda-redes.
· É que, das duas uma: ou era “obrigado” a ter um terceiro homem (Yannick está emprestado), ou tinha que ter confiança absoluta nos miúdos da equipa “B”.
· Não entendo como é que a UEFA tem regras que não são seguidas pela Liga Portuguesa (não só no que diz respeito aos “keepers” mas também aos atletas desempregados).
· Não entendo a pressa da Liga para, agora, ir marcar uma Assembleia-Geral e discutir estes dois assuntos. Em princípio, devem ser aprovados, mas a questão é que tudo já devia estar definido e harmonizado há muito tempo.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Leãozinho

Paulo Bento foi, finalmente, confirmado como técnico principal do Sporting, depois de dois dias de pressões (*) e indefinições.

Como já aqui tinha escrito era difícil, por várias razões, que os “leões” conseguissem contratar um treinador com currículo.

Por um lado, há a questão da própria “instabilidade interna” do clube, com eleições a curto prazo; por outro lado, há o “pormaior” do “Project Finance”, que impede que se paguem grandes salários aos profissionais.

Com estes dois condicionalismos, o novo presidente tinha, quase obrigatoriamente, que escolher uma solução interna ou um ex-“leão”.

Filipe Soares Franco, com a ajuda do “regressado” Carlos Freitas, escolheu Paulo Bento, numa decisão arriscada, mas que terá sido bem ponderada.

O antigo médio tinha, como jogador, cultura táctica e forte personalidade (nunca se escondeu e nunca deixou de dizer o que achava que tinha que dizer).

Bento, 36 anos, está em Alvalade há mais de cinco anos, depois de ter passado por Oviedo, Benfica, Guimarães e Estrela da Amadora, para além da Selecção Nacional.

Conhece bem o clube, os dirigentes, o plantel (muitos ainda foram seus colegas) e – diz quem o conhece – não pactua com indisciplinas (um dos males da equipa), mas sabe dialogar. Tudo isto é (muito) positivo…

A sua lacuna (se é que se pode dizer assim) é a falta de experiência: nunca treinou uma equipa grande, aliás, nunca treinou uma equipa sénior e, por isso, falta ver se tem mãozinhas para este “barco” que tem navegado em mar revolto.

O título de juniores, conquistado na época passada, pode ser um bom indicador, mas com “graúdos”, a “coisa” pia mais fina. O exemplo máximo desta diferença é Carlos Queirós, que ganhou tudo com “miúdos” e nada com seniores.

Estabilizada a equipa, com novo treinador e um director-desportivo que percebe de futebol, os “leões” têm tudo para melhorar.

É certo que já foram perdidas a Liga dos Campeões e a Taça UEFA, mas o Sporting tem ainda a Taça de Portugal e está, apenas, a cinco pontos do líder Sporting de Braga.

Como jogador, eu era fã de Paulo Bento… como treinador, esperamos para ver. Só posso desejar-lhe boa sorte…

(*) Se é verdade que as claques tentaram impedir a subida de Paulo Bento a técnico principal, incluindo com telefonemas para dirigentes, é mais uma atitude lamentável, num clube que tem estado sem comando.

quarta-feira, outubro 19, 2005

“Vassourada” (*)

O presidente do Sporting apresentou a demissão de todos os cargos, um dia depois de ter aceite as renúncias de José Peseiro e Paulo Andrade.

As situações do técnico e do administrador eram, como já escrevi, insustentáveis e, assim, acabou por ser tomada a decisão correcta para bem do clube.

Já a decisão de Dias da Cunha pode ser algo surpreendente, apesar desta hipótese ter sido avançada como uma das mais prováveis.

A solução parece ir desembocar em eleições antecipadas, para antes do início da próxima temporada, por forma a que a nova Administração e a nova equipa técnica tenham tempo de preparar o plantel.

Até lá, o clube fica entregue a Filipe Soares Franco, número “dois” de Dias da Cunha, ex-presidente do Estoril e que cometeu algumas “gaffes” já em Alvalade (aquela do Papa é de "bradar aos céus").

“Isto” deve ainda implicar que, para a equipa técnica, seja encontrada uma solução mais ou menos provisória. Não acredito que nenhum técnico de prestígio aceite tomar conta do Sporting numa altura em que as eleições estão à porta.

Só uma nota: Este senhor Soares Franco não estava demitido? Como é isto de cooptar um dirigente que tinha batido com a porta?

(*) Pedido feito por adeptos leoninos depois da derrota em casa contra a Académica.

“Sorriso amarelo”

O Benfica podia e devia ter ganho, ontem, no El Madrigal em Villarreal. O empate soube a pouco.

Os “encarnados” jogaram melhor, controlaram a maior parte do encontro, criaram boas oportunidades, marcaram um grande golo e, já agora, tiveram um árbitro que não ajudou muito.

Na actual conjuntura da equipa de Koeman, como se viu no “Dragão”, contra equipas fortes, o Benfica tem vantagens em jogar fora: a defesa está forte e consistente, os meios centro estão em grande forma e os avançados podem sair rápido para o ataque.

Ontem, contra o “Submarino Amarelo”, foi isto que aconteceu, faltou só que o ataque conseguisse sair mais vezes para a frente.

Resumindo, por um lado, “faltaram” Simão e Geovanni - que tardam em ser consistentes – e, por outro, ainda não esteve o verdadeiro Karagounis que só consegue fazer 45/60 minutos em ritmo de passeio.

Do lado do Villarreal só se viram 20 minutos de alguma pressão, do início da segunda parte até ao golo.

Depois de terem descansado na Liga espanhola, Riquelme, Forlan e Figueroa pouco fizeram, neste jogo, para justificar o estatuto de estrelas que ostentam. Acredito que, muito por culpa do Benfica.

Destaque ainda para a estreia de Rui Nereu que fez três boas defesas e pareceu não acusar a responsabilidade. Agora, calma, não esperem que o miúdo defenda tudo e não o crucifiquem ao primeiro erro.

Entretanto, na Champions, o Benfica está em segundo lugar ao fim da primeira volta.

É bom, mas podia ser melhor: fica a sensação de que, nos dois jogos fora, os campeões nacionais, podiam ter conseguido mais pontos.

Atenção que agora, ao contrário do que dizem os comentadores, vem aí, por aquilo que já expliquei, a fase mais difícil do calendário: jogos em casa com Manchester e Villarreal (o Benfica vai ter que pegar no jogo) e fora com o Lille (onde vai ter que ganhar onde os outros empataram).

Nota final para a atitude em campo do Benfica, que já não se atemoriza nos palcos internacionais. Como me relembrou um amigo meu, a equipa está muito mais “crescida” em relação, por exemplo, à exibição em Trondheim, onde só um grande Moreira salvou uma derrota certa.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Outras bolas (2)

Como já tinha avisado, este blog não é só sobre futebol e, por isso, cá fica mais um apontamento de outra modalidade.

Tiago Monteiro terminou a época de Fórmula 1 com um balanço extremamente positivo.

Ao volante de um “Jordan”, um dos piores carros do “Circo”, o piloto português suplantou todas as expectativas.

· Conseguiu, na maioria da temporada, ficar à frente de Narain Karthikeyan, o colega de equipa, e, obviamente, dos Minardi.
· Bateu o recorde do melhor “rookie” no que diz respeito às provas terminadas. Tiago Monteiro só não terminou uma das 19 etapas.
· Fez pontos em duas provas: Estados Unidos e Bélgica

Não tem ainda confirmada a presença na próxima temporada mas, uma coisa é certa, merecia estar entre os “20 mais”.

domingo, outubro 16, 2005

A tradição já não é o que era…

O Benfica ganhou ontem na “Invicta”, 14 anos depois, com Nuno Gomes a imitar César Brito e a marcar os dois golos da partida.

Os “encarnados” mereceram ganhar, é indiscutível, e recuperaram sete dos oito pontos oferecidos nas primeiras três jornadas da Liga.

A equipa de Koeman esteve defensivamente irrepreensível (grande exibição dos dois centrais) e eficaz no ataque com dois golos em quatro oportunidades.

Obviamente que nem tudo foi perfeito - e sobre isso falaremos noutros “posts” – mas, na luta entre técnicos holandeses, Ronald Koeman voltou a levar a melhor sobre Co Adriaanse.

A já habitual teimosia do treinador dos “dragões” beneficiou o Benfica que soube aguentar o caudal ofensivo dos portistas (uma oportunidade em 90 minutos) e aproveitar a conhecida debilidade defensiva “azul e branca”.

Deixar os recuperados Pedro Emanuel e Jorge Costa de fora, não convocar o médio-trinco-mais-trinco que tem no plantel (Raul Meireles), continuar a apostar em Bosingwa e César Peixoto nas laterais são autênticos atentados ao futebol.

Enquanto o senhor Co Adriaanse continuar a achar que o futebol é só atacar, os adversários do FC Porto vão ter muitas razões para sorrir.

Ontem, depois do jogo, dei por mim a pensar que o senhor Adriaanse seria o técnico indicado para o Real Madrid de Florentino Peres com avançados e mais avançados, a ganhar jogos por 6-5 ou 7-0, mas, também, a perder muitos por 3-4 ou 3-0. Puro espectáculo, zero resultados.

Três notas finais: o senhor Co Adriaanse diz que não viu lenços brancos nas bancadas do "Dragão", percebe-se agora porque é que ele não vê a defesa a meter água, o homem tem problemas de visão; as quatro oportunidades do Benfica (dois golos, o remate de cabeça de Simão a rasar o poste e o contra-ataque frustrado 3 contra 1) nasceram do lado direito do ataque “encarnado”, lado esquerdo da defesa portista, onde “estava” César Peixoto; o facto do senhor Adriaanse ter inventado no “11”, com Diego e Quaresma no banco, deu vantagem aos visitantes.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Ganhar, ganhar, ganhar (*)

Amanhã joga-se um dos maiores clássicos do futebol português. No “Dragão”, o FC Porto recebe o Benfica.

Vai ser um jogo interessante entre o líder “azul e branco” e uns “encarnados” em recuperação e também entre dois técnicos da mesma escola, já têm antecedentes e com contas a ajustar.

Há algumas baixas de parte a parte, mas não vão obrigar os treinadores a alterar as tácticas habituais.

À equipa do “Dragão” faltam Pedro Emanuel e Jorge Costa (recuperados de lesão, mas sem ritmo competitivo), Helton e Sokota (lesionados há várias semanas), Hélder Postiga, Sonkaya e Raul Meireles por opção.

No Benfica estão de fora Moreira, Alcides e João Pereira (todos por lesão), Nuno Assis e Carlitos por opção.

Assim, no “11” de Adriaanse devem estar Vítor Baia, Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e César Peixoto; Ibson, Lucho e Jorginho (Diego); Lisandro, Quaresma (Jorginho) e McCarthy.

Já no “11” de Koeman vão estar Quim, Nelson, Luisão, Ricardo Rocha (Andersson) e Leo; Petit, Manuel Fernandes, Simão e Geovanni (Karagounis); Miccoli e Nuno Gomes.

Como se percebe esta vai ser, também, uma luta táctica: ao 4-3-3 dos portistas, respondem os benfiquistas com um 4-4-2.

No papel, o Benfica parece ter vantagem já que cobre as áreas do terreno com vantagem numérica (quatro defesas para três avançados, quatro médios para três médios, dois avançados para dois centrais).

Outra luta interessante vai acontecer entre o ataque demolidor dos “dragões”, que atacam com seis/sete jogadores e a defesa “encarnada”, segura, a melhor dos três grandes.

Resumindo, deve ser um jogo ofensivo entre “águias” e “dragões” porque o FC Porto só sabe jogar ao ataque e o Benfica precisa de ganhar para recuperar o atraso.

Este pode ser o jogo certo para o Benfica quebrar a tradição.

(*) Frase celebrizada por Paulo Futre quando chegou ao estádio da Luz e foi recebido por milhares de adeptos.

domingo, outubro 09, 2005

Dúvida Central (III)

Já aqui se escreveu: o FC Porto é "Massacrante" a atacar e "Medíocre" a defender. A equipa tem demasiada “tracção à frente” e quem paga é a “retaguarda”.

Os “dragões” têm cinco defesas centrais no plantel principal: Jorge Costa, Pedro Emanuel, Ricardo Costa, Pepe e Bruno Alves.

Apesar da fartura, o certo é que Co Adriaanse tem tido problemas na estabilização do sector e sofrido muitos golos (bem mais do que era habitual).

O problema da defesa portista alastra às laterais, onde têm estado dois "(in)adaptados" (Bosingwa e César Peixoto), mas isso são erros na construção da equipa que ficam para outra ocasião.

A verdade é que o técnico holandês já utilizou quatro destes cinco jogadores (só o “capitão” Jorge Costa não foi utilizado: primeiro porque o treinador não quis, agora porque está lesionado). Esta “instabilidade central” é sinal de que o próprio senhor Adriaanse tem dúvidas.

Com lugar garantido só parece estar Pedro Emanuel (em breve regressado de lesão), a segunda opção parece ser Ricardo Costa, mas o jovem parece não ter ainda “estaleca” para estas andanças.

Será que o “Bicho” ainda vai ter uma oportunidade? Qual é a melhor dupla?

E pronto, fica também aberto o debate. Quem quiser e souber, que diga de sua justiça e resolva este dilema.

Dúvida Central (II)

O Sporting manteve os dois centrais titulares da época passada, “trocou” Enakahrire por Tonel, “despachou” Hugo e “subiu” Semedo.

À primeira vista é uma melhoria em relação à época passada porque Polga e Beto continuam, Semedo é um jovem com valor, melhor que Hugo, e Tonel é um jogador que dá garantias de qualidade.

Ora, a defesa dos “leões”, apesar disto, continua a “dar umas casas”.

É certo que tem tido problemas de lesões que têm afectado especialmente as laterais (Rogério e Edson estão “fora de jogo”), mas algo também tem falhado na zona central.

Tudo se agrava quando, em minha opinião, o técnico Peseiro inventa.

Neste momento, penso que poucos observadores têm dúvidas que o ex-Marítimo é o defesa-central em melhor forma. Assim sendo, Tonel tem que jogar, apesar de não ter o “peso” dos concorrentes directos na equipa.

A dúvida maior coloca-se então em saber quem deve fazer “parelha” com o português: Beto ou o brasileiro Polga.

Há vantagens e inconvenientes: um é o “capitão” (?!) de equipa e joga descaído para a direita, o outro é internacional, campeão do mundo e joga sobre a esquerda.

Ambos, em forma, são quase intransponíveis. O certo é que essa fase não tem chegado e os erros têm-se acumulado, mesmo na época passada em que o nigeriano Enak foi muitas vezes preterido injustamente.

Mais uma vez, fica aberto o debate. Quem quiser e souber, que diga de sua justiça e resolva este dilema.

Dúvida Central (I)

O plantel do Benfica é curto em várias posições, mas se há zona do terreno em que a equipa está bem servida é no centro do terreno.

Luisão e Ricardo Rocha foram a dupla no ano passado a que se juntam mais dois brasileiros: o internacional Andersson e o jovem Alcides.

Depois dos primeiros jogos oficiais da época, a dúvida mantém-se e tem dividido sócios, adeptos e comentadores: qual é a melhor dupla?

É (quase) consensual que Luisão tem lugar garantido no “onze” de Ronald Koeman. Dando esse facto como adquirido, quem é o “parceiro ideal”?

A dupla Ricardo Rocha/Andersson faz-me recuar alguns anos e – atenção - salvaguardadas as devidas distâncias, recorda-me a melhor dupla de centrais que vi jogar num qualquer relvado do nosso país: Mozer e Ricardo Gomes (*).

Mozer, à “imagem” de Ricardo Rocha, mais físico, impetuoso, impiedoso, faltoso, forte na marcação que Ricardo Gomes que jogava em “bicos de pés”, quase sem fazer faltas, com grande poder de colocação no terreno.

Ora é precisamente nestas e noutras diferenças (Ricardo Rocha é mais rápido que Andersson) que está o dilema (positivo) de Koeman.

Fica aberto o debate. Quem quiser e souber, que diga de sua justiça e resolva este dilema.

(*) Não posso deixar de acrescentar mais dois nomes de excelentes centrais que jogaram de águia ao peito e que marcaram as respectivas gerações: Germano e Humberto Coelho.

Rendimento Mínimo Garantido

Portugal apurou-se para o Mundial 2006, na Alemanha. É a quarta vez que chegamos a uma fase final, a segunda consecutiva.

Sobre a actuação desta noite, nem vale a pena dizer nada, foi mau de mais para ser verdade.

Gostaria só de, nesta altura, falar sobre o seleccionador nacional.

Conseguimos o apuramento, antes de chegar à última jornada e, portanto sem usar a calculadora…

É verdade que sim, mas também estranho seria se assim não fosse. É que é bom que não nos esqueçamos qual foi o grupo que nos calhou em sorte (e aqui a palavra é mesmo esta).

Não estou a dizer que Luiz Felipe Scolari não fez um bom trabalho, juntando até a ida à final do Euro 2004, o que estou a dizer é que podia e devia fazer melhor.

Temos um bom grupo de trabalho, alguns lugares estão muito bem servidos e é precisamente onde há lacunas que seria bom contar com a experiência de um técnico ganhador como Scolari.

Apetece perguntar: quem é a opção para Nuno Valente? Quem joga no lugar de Deco? O que fazer quando Pauleta estiver em crise de golos? Se a táctica habitual (4-2-3-1) não resultar, qual é o “plano B”? Porque jogam atletas sem ritmo competitivo?

Respostas a estas perguntas. Nada… Só teimosia por parte do técnico brasileiro.

Scolari “não liga às pressões” – diz-se. Isso é positivo, mas também é caso para dizer que: “Pior cego é aquele que não quer ver”.

Insistir com Ricardo aconteça o que acontecer no clube e na equipa das “quinas”, dar a titularidade a Nuno Valente e Maniche sem ver (se estão) como estão a jogar nos seus clubes, não dar nenhuma oportunidade, por exemplo, a Miguelito e João Tomás, dar-se ao luxo de deixar de fora jogadores como João Moutinho são alguns dos aspectos que “não lembram ao diabo”.

Obviamente que “no fim das contas” o que interessa são os resultados e aí, o treinador brasileiro tem currículo para “dar e vender”, mas…

Mais perto da convocatória final, falaremos sobre as 23 opções para o Mundial na Alemanha. Scolari disse esta noite que 20 já estavam escolhidos. Pois…

quinta-feira, outubro 06, 2005

Mais tarde ou mais cedo...

Se havia dúvidas, estas deixaram de existir: José Peseiro não tem condições para continuar no comando técnico do Sporting.

A direcção da SAD leonina, apesar do "processo de reflexão e aperfeiçoamento", já estará a fazer contactos com treinadores.

É o próprio Paulo Autuori quem confirma que recusou um convite do Sporting e que vai continuar a treinar o São Paulo.

Ora, posto isto, como vai Peseiro comandar um grupo sabendo que, mais jogo menos jogo, será "chutado para canto"?

Salvaguardadas as devidas distâncias, porque as razões eram outras, estes caso faz-me lembrar a situação de Mourinho no Benfica.

O jovem técnico sabia - todos sabiam - que a nova direcção de Vilarinho, terminada a época, o trocaria por Toni. Mourinho tentou jogada arriscada, pressionou o presidente e acabou por sair.

Agora, Peseiro nem pressionar pode porque, ao que parece, aconteça o que acontecer, o final desta "estória" está definido: técnico fora de Alvalade.

Quem andará a fazer estes contactos em nome do clube de Alvalade? A dupla Andrade/Meireles? O próprio Dias da Cunha?

Terá a direcção "legitimidade" para contratar um novo treinador havendo eleições à porta?

quarta-feira, outubro 05, 2005

Os ratos e a deserção…

É do senso comum: os ratos são os primeiros a abandonar os navios que estão a afundar.

Vem isto a propósito da atitude inqualificável que Paulo de Andrade e Rui Meireles tiveram especialmente para com o plantel principal do Sporting.

Relembremos os factos: os “leões” perdiam em Paços de Ferreira por 2-0 e, a 10 minutos do fim, estes altos dirigentes da SAD “verde e branca” abandonaram o estágio e não saíram com a equipa.

Que exemplo é este dado pelas principais figuras do futebol do Sporting? Que sinal está a ser dado para sócios e adeptos? O que sente o grupo de trabalho (jogadores e técnicos) quando são abandonados pelos “Generais” em pleno “campo de batalha”?

Esta deserção é, em minha opinião, inacreditável, lamentável, vergonhosa, no mínimo descredibilizante para os dirigentes e, se calhar, explica muito do que se tem passado nos últimos meses em Alvalade, incluindo os constantes casos de indisciplina.

O Sporting decretou esta noite um black-out para um "processo de reflexão e aperfeiçoamento”.

Acho bem…

Podiam, talvez, antes de ponderarem a situação do técnico, começar por reflectir se é com dirigentes desta estirpe que querem continuar. Acredito que haja forma de aperfeiçoar o núcleo directivo da SAD.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Jogos de "sorte e azar"

Ronald Koeman aproveitou a conferência de imprensa que antecipava o Benfica – Vitória de Guimarães para duas notas: defender José Peseiro e atacar o sorteio da Liga.

Vamos por partes:

1) Peseiro

Diz o técnico holandês que os comentadores exageraram quando disseram, após o Benfica – Sporting, que tudo tinha sido mau para os “encarnados” e que tudo tinha corrido bem para os “leões”, ao mesmo tempo que apenas três semanas depois já estão a dizer que o que a equipa de Alvalade faz é “uma merda”.

Ora, sou obrigado a concordar com Koeman. Não se pode passar do “céu ao inferno”, do “80” para o “8”, em apenas três semanas. Não se pode chamar “bestial” a um técnico e dias depois chamar-lhe “besta”.

A época não se ganha, nem se perde nem à terceira jornada (onde o Benfica estava a oito pontos), nem à sexta. O campeonato tem 34 jornadas.

É certo que Peseiro comete erros, se calhar mais do que devia enquanto técnico de uma equipa de elite como é o Sporting, e gosta de inventar sob pressão (Polga a lateral esquerdo!!!!!), mas não tem todas as culpas.

Para mim, é simples: os maiores culpados são os dirigentes leoninos. Foram os dirigentes do Sporting que mantiveram Peseiro depois do final da época passada, foram os dirigentes leoninos que reforçaram os poderes do técnico depois da saída do director-geral Carlos Freitas, foram os dirigentes leoninos que fizeram as vontades a Peseiro (saídas de Barbosa e Rui Jorge, entradas de Wender e João Alves, por exemplo).

Talvez por isso é que, agora, apesar da tremenda pressão dos sócios, que já não aguentam Peseiro nem pintado a ouro, os dirigentes da SAD (Dias da Cunha, Paulo Andrade e Rui Meireles) não despeçam o treinador.

Talvez estejam os três com vergonha de assumir que foi um erro a permanência do “mister” Peseiro ao comando da nau “verde e branca”.

2) o calendário

Prefiro, obviamente, acreditar que o sorteio da Liga foi legítimo e legal e que, por isso, as críticas de Koeman não fazem nenhum sentido.

O certo é que não deixa de ser surpreendente ou é, apenas, uma grande coincidência que as três deslocações, teoricamente, mais difíceis do Benfica (Sporting, FC Porto e Braga) fiquem entaladas entre paragens do campeonato para as selecções e jogos da Liga dos Campeões.

Azar, dirão. Espero que seja mesmo só isso.

Estas declarações fizeram-me lembrar José Mourinho que, quer no ano passado, quer este ano, se queixou alto e bom som do calendário inglês e de “coincidências” deste género que sistematicamente beneficiavam o Arsenal em relação ao Chelsea.

domingo, outubro 02, 2005

Selva(jaria)

O ambiente anda quente em Alvalade devido aos últimos (maus) resultados da equipa de futebol e ontem a Assembleia Geral teve momentos de grande tensão.

Os alvos prioritários dos “adeptos” sportinguistas foram, como é hábito nestas alturas, os jornalistas.

Os profissionais da comunicação social foram agredidos verbal e fisicamente por um grupo de participantes na reunião magna dos “leões”.

O que se passa no futebol verde e branco pode ter vários culpados, os jornalistas não estão, seguramente, incluídos nesse lote.

Se os sócios do clube estão descontes têm todo o direito de o exprimir livremente na Reunião Magna do clube, podem até exigir à direcção que tome determinada atitude, não podem é perder toda e qualquer razão passando à agressão.

Gostaria, já agora, de realçar a atitude corajosa de Dias da Cunha neste caso específico.

Primeiro o presidente do Sporting pediu desculpa pelas atitudes dos “adeptos”, admitiu que só aturava cenas daquelas por amor ao clube e depois fez a “escolta” dos jornalistas já de madrugada para que mais nada lhes acontecesse.

Os lenços e a chantagem (*)

Co Adriaanse volta a mostrar a sua "forte personalidade" (para não dizer arrogância) e deixa um sério aviso aos sócios: “Se me quiserem fora do clube basta que me mostrem lenços brancos”.

O técnico holandês reafirma que a direcção do FC Porto sabe quem contratou, as suas características, a sua forma de ser e de jogar. Assim sendo, garante que não vai mudar a forma de jogar da equipa e não vai fazer como outros treinadores e jogar defensivamente.

A Adriaanse há vários ditados portugueses que parecem aplicar-se: “Antes quebrar que torcer”, “Ou és por mim ou és contra mim”, “Quem está mal, mude-se”.

Só o futuro dirá se o técnico vai levar a sua “teoria fundamentalista” até ao fim, entenda-se até à “vitória final”, mas uma coisa é já certa: não é ele que vai mudar.

O “velho” Pinto da Costa (não o da época passada) daria toda a cobertura ao senhor holandês, vamos ver o que acontece se as derrotas inesperadas continuarem a acontecer. O que farão os sócios perante a chantagem do técnico?

Entretanto, na reacção à derrota com o Artmédia, Adriaanse reafirmou que não vai mudar o sistema de jogo, apontou vários erros dos jogadores (e nenhum seu), mas admitiu que a equipa defende mal (segundo o “mister”, no “11”, só três jogadores têm apetência defensiva e os outros vão ter que ser “educados”).

Folgo em saber que o senhor Co anda a leu o posto da “M & M”.

(*) Ainda bem que a sede do FC Porto não é em Fátima :-)

Varridela

Foi uma má semana europeia para os clubes portugueses e repleta de surpresas. Só o Vitória de Guimarães salvou a “honra do convento”.

As derrotas de FC Porto e Sporting são autênticos “case studies”, que já abordamos e, por isso, não vale mais a pena “bater no ceguinho”.

O certo é que foram seis pontos do ranking da UEFA que foram ao ar incrivelmente.

Já a derrota do Benfica foi estúpida porque os “encanados” podiam e deviam ter trazido um melhor resultado de Old Trafford.

A “coisa” só não foi pior porque Villareal e Lille empataram.

O Sporting de Braga empatou, mas fez um grande jogo e merecia claramente ter ganho. As lesões dificultaram a vida a Jesualdo Ferreira, mas há o lado positivo: os arsenalistas ficam mais livres para a Liga.

Pena só mesmo as cenas lamentáveis de final de partida. Seguramente virá aí a mão pesada da UEFA.

O Vitória de Setúbal acabou eliminado, como se esperava, mas “caiu de pé” e esteve perto de forçar, pelo menos, ao prolongamento em Itália.

Assim, só o Guimarães conquistou os três pontos, com uma vitória na Polónia e pode ter iniciado a recuperação anímica que precisa para o campeonato.

Feitas as contas, das seis equipas sobram três e Portugal é ultrapassado pela Alemanha no “ranking” da UEFA. Acaba por ser normal e o sexto lugar até nem é nada mau.

Esperemos que a próxima jornada traga mais pontos e contos.

sábado, outubro 01, 2005

Outras bolas (2)

Como já tinha avisado, este blog não é só sobre futebol e, por isso, cá fica mais um apontamento de outra modalidade.

Tiago Monteiro terminou a época de Fórmula 1 com um balanço extremamente positivo.

Ao volante de um “Jordan”, um dos piores carros do “Circo”, o piloto português suplantou todas as expectativas.

· Conseguiu, na maioria da temporada, ficar à frente de Narain Karthikeyan, o colega de equipa, e, obviamente, dos Minardi.
· Bateu o recorde do melhor “rookie” no que diz respeito às provas terminadas. Tiago Monteiro só não terminou uma das 19 etapas.
· Fez pontos em duas provas: Estados Unidos e Bélgica

Não tem ainda confirmada a presença na próxima temporada mas, uma coisa é certa, merecia estar entre os “20 mais”.