segunda-feira, julho 31, 2006

As naturalizações, o precedente e a banalização

Há muitos anos (pelo menos desde a geração que esteve no Euro 84) que o futebol português tem falta de avançados.

Normalmente, em todas as gerações lá vai aparecendo um ou outro para ir disfarçando este problema estrutural do nosso futebol e “quando não houve cão caçou-se com gato” (por exemplo Rui Barros ou Sá Pinto).

Depois de Fernando Gomes, Manuel Fernandes, Jordão e Nené, que coexistiram na mesma altura, tivemos, basicamente, Rui Águas, Domingos e Cadete, mais Paulo Alves, que era a “arma secreta” e nunca se fixou como titular.

A situação agravou-se agora com a renuncia de Pauleta à selecção, o que deixa a equipa das quinas entregues a Nuno Gomes (já com 30 anos e não um ponta-de-lança), Hélder Postiga (demora a “dar o salto” e a jogar e marcar com regularidade) e Hugo Almeida (a eterna esperança com grande potencial que ainda não explodiu).

Falta um “matador” e isso já foi evidente no Mundial da Alemanha.

Vem tudo isto a propósito das declarações de Liedson que, há uns dias, admitiu a hipótese de se naturalizar português e jogar pela selecção nacional.

Claro que um jogador como o “levezinho” dava muito jeito à “equipa das quinas” e poderia ser uma mais valia para o conjunto nacional, mas é necessário ver todos os dados do problema e não nos cingirmos, apenas, ao imediatismo da necessidade imediata.

Os mais pragmáticos, por outro lado, vão lembrar que o ataque germânico tinha dois polacos, que a Espanha tem brasileiros e argentinos, que a Itália tem também um argentino, etc, etc.

Por outro lado, esses mesmos vão lembrar o basket, o andebol e o atletismo, modalidades em que já cedemos aos naturalizados.

De recordar que a polémica regressou quando, em 2004, o brasileiro Deco se estreou de “quinas” ao peito. Muitos portugueses não gostaram e até alguns jogadores “torceram o nariz”.

Se o caso Liedson avançar, qualquer dia vamos ter alguém a pedir também a “nacionalização” de Léo (porque não há laterais esquerdos) ou de Hélton e Pepe porque são grandes jogadores.

Entretanto, nos Sub-20 lá estão Ricardo Vaz-Tê, Moreira ou Furtado... será que vão a tempo de evoluir?

Este é um processo para acompanhar e decidir com calma. Um erro pode ser a morte do futebol português.

"Bola de Praia"

Estive três semanas de férias mas, apesar disso, fui acompanhando o que se foi passando no fabuloso mundo da bola. Tomei vários apontamentos no meu “Bloco de Notas”.

Em destaque continuaram e estão para durar os casos de que o nosso futebol é fértil, dentro e fora das “quatro linhas”.
  • O “caso Mateus” continua a dar que falar, com novos e velhos protagonistas, mas ainda sem decisões. Por mim, bastava ler os regulamentos aprovados pelos clubes.
  • Relacionado com este processo chegou já a falar-se num alargamento da Liga principal onde caberiam Belenenses e Gil Vicente.
  • Por falar em Liga, ao que parece, a (Valentim) Loureiro vai suceder (Hermínio) Loureiro.
  • Lei de Bases é que ainda não há.
  • Entretanto, chegou a ser proposto que os jogadores da selecção não pagassem impostos sobre os prémios, mas o assunto “morreu à nascença”, felizmente.
  • Já Luiz Felipe Scolari renovou por mais dois anos com a FPF. Decisão arriscada, mas...
  • Arriscada foi também a decisão do Beira-Mar de voltar a apostar em Jardel. Esperemos que o jogador venha mesmo para jogar e voltar a fazer aquilo que sabe que é marcar golos. Assim a cabeça o ajude.
  • Ainda por falar em Selecção, a incompetÊncia foi recompensada e José Couceiro é o novo técnico dos Sub-21 e da equipa B.
  • Moisés foi recambiado pelo Sporting porque o defesa-central brasileiro omitiu um caso em que estava envolvido que o levou a um castigo de quatro meses pela FIFA.
  • Pinto da Costa foi convidado pelos deputados do país para um jantar.
  • No Benfica, três grandes casos: Nuno Assis ilibado no caso de “doping”, apesar da polémica continuar com troca de argumentos entre os “encarnados” e o CNAD.
  • Manuel Fernandes continua às voltas com uma pubalgia que, para já, impediu a sua transferência para Inglaterra e em litígio, mais ou menos surdo, com o departamento médico da Luz.
  • A “novela” Simão continua e teve este fim-de-semana um episódio verdadeiramente surpreendente. O Benfica precisa de vender, o jogador quer sair, o Valência quer comprar. Parece simples, mas não é.
  • Lá por fora, já houve decisões no processo “Calciocaos”. A Juventus desceu à Série “B”, Milan, Fiorentina e Lázio foram castigados em pontos, o Inter é o novo campeão. Podia ser pior, mas o mais importante é que a decisão foi tomada de forma célere.
  • No ciclismo, a notícia continua a ser o doping que abriu e fechou o Tour de França deste ano.

segunda-feira, julho 10, 2006

"Doente da Bola"... a banhos

Nas próximas semanas, o "Doente da Bola" vai estar "numa praia perto de si" e incontactável por qualquer via informática.

Reabriremos nos primeiros dias de Agosto com "fome de bola" ao que se for passando "no país e no mundo".

Sim, porque eu "vou andar por aí"...

O pastilhas

Figo deixa a Selecção Nacional após 127 jogos de "quinas" ao peito, depois da partida frente à Alemanha, no jogo de terceiro e quarto lugar.

O capitão sai depois do Mundial, um grande certame, e, apesar de ter 33 anos, vai deixar um vazio na equipa.

O "7" continuava a ser titular, a jogar muito e bem, a levar a equipa para a frente, a controlar os ritmos da selecção, a ser a marca do grupo.

Também nos clubes por onde passou, Figo foi sempre dos melhores: idolo no Sporting, Barça, Real Madrid e Inter, mas por aquilo que jogava dentro das quatro linhas e não por aquilo que facturava fora delas.

Aliás, a saída dos "merengues" é um dos erros da equipa espanhola que escolheu mal o galáctico a deitar fora.

Agora, do pastilhas só em Itália, ao serviço do Inter.

Mais uma vez, é caso para dizer: Obrigado Figo, és grande e ficas na galeria dos "imortais".

PS: De Figo o único ponto negro da sua carreira foi aquela fobia das assinaturas de contrato. Primeiro, ainda como miúdo, quando assinou pelo Benfica e, depois, quando conseguiu a "proeza" de assinar por três equipas: Parma, Juventus e Barcelona.

Como diz o outro: "Não havia necessidade".

O açor

Nota também para Pauleta que também deixa a Selecção Nacional depois deste Mundial.

Destaque para os 47 golos marcados com a camisola das "quinas".

Um abraço a ambos.

Bola de Berlim (24)

ou... a vitória da "squadra azurra"

A Itália é a nova campeã do Mundo depois de uma vitória nos penaltyes na final de Berlim, frente à França.

É o "tetra" dos transalpinos curiosamente, outra vez, no ano em que estão envolvidos em polémicas internas, tal como em 1982 e até em 1934, esta por questões políticas.

Esta foi também, especialmente para nós, a derrota da França, aquela selecção que nos dá cabo dos nervos.

O jogo jogado não foi nada de especial, muito táctico, jogado a meio campo, com poucas oportunidades de golo. Apesar disso começou electrizante com dois golos nos primeiros minutos, de bola parada.

A vitória sorriu à "squadra azzurra", mas acabaram por ser os franceses a ter mais chances, mas Buffon não estava para brincadeiras.

Zizou

Zidane despediu-se esta noite do futebol.

É uma noite má para o desporto-rei porque perde um dos seus "reis magos", mas especialmente porque o perde de uma forma inacreditável.

Zidane agrediu um italiano num lance como muitos os que deve ter tido ao longo da sua carreira.
No entanto, este lance não apaga uma carreira brilhante, com muitos títulos nos clubes e na selecção e jogadas de génio de um jogador fino.

O futebol ficou mais pobre e apetece dizer: Merci Zizou

domingo, julho 09, 2006

Bola de Berlim (23)

ou... a vitória da eficácia

Portugal perdeu com a Alemanha (3-1) e fica no quarto posto do Campeonato do Mundo.

A selecção nacional foi derrotada porque não foi eficaz ofensivamente e, já agora, porque se desconcentrou em cinco minutos na segunda parte. Por exemplo, na segunda parte, os germânicos fizeram cinco remates à baliza e marcaram três golos... ora, uma média destas não dá grandes hipóteses.

Fora os falhanços e a eficácia alemã, o que mais destaco no jogo desta noite é a alteração táctica que Scolari, finalmente, utilizou pela primeira vez no Campeonato: 3-5-2.

Vendo-se a perder por 2-0, o técnico arriscou, não virou o jogo, mas a equipa melhorou.

Esta foi sempre uma das críticas que fiz a Scolari: Porque raio nunca se testou um "plano B", quer em jogadores, quer em "sistemas" de jogo.

Acabou o sonho e, agora, apetece dizer: "Foi bonita a festa, pá". Agora resta festejar o quarto lugar e, especialmente, esperar pelo fim do "tabu Scolari".

sábado, julho 08, 2006

Bola de Berlim (22)

ou... a grande final

A final do Mundial entre França e Itália vai, seguramente, ser muito táctica, forte defensivamente e em que vai vencer, quem for mais eficaz nas poucas ocasiões do jogo.

Estas são as duas selecções mais compactas deste torneio e, se calhar, por isso, é que chegaram ao jogo decisivo.

De um lado Thuram, Gallas, Makelele e Vieira; do outro Canavarro, Materazzi (falta Nesta), Pirlo, Gatuso, Perrotta - "dois blocos de cimento armado" (frase de homenagem a José Marinho).

Depois Henry e Toni, dois grandes avançados, mas com características muito diferentes, um mais móvel e rápido, outro mais fixo e possante.

Nas laterais, a "squadra azzurra" leva clara vantagem com o fantástico Zambrota e o grande (em todos os sentidos) Grosso contra Sagnol e Abidal.

Claro que os gauleses têm o "factor Zidane", que pode ser decisivo, mas eu aposto na Itália e a sua habitual matririce e cinismo para bater a nossa "besta negra".

Também não pode ser esquecida a final do Euro 2000, uns (os franceses) vão querer repetir e os outros vingar...

Bola de Berlim (21)

Ou… o positivo e o negativo

Numa altura em que está instalada a dúvida quanto à permanência de Luiz Felipe Scolari ao comando da selecção nacional, esta é a altura certa para fazer o balanço da presença portuguesa no Mundial.

E vou fazê-la já, antes do Portugal – Alemanha, para reforçar que, aconteça o que acontecer, hoje em Estugarda, a minha posição não se altera.

A análise que vou fazer divide-se, claro, nos aspectos positivos e nos aspectos negativos.

Sinal positivo

  • Aconteça o que acontecer, o balanço desta campanha é extremamente positivo, acima do esperado pelo comum dos mortais e fica na história
  • O espírito de grupo fantástico que Scolari conseguiu é algo que deveria ser estudado e recuperado como um exemplo a seguir
  • A equipa foi subindo de forma na competição e caiu apenas aos pés da sua “besta negra”
  • Defensivamente irrepreensível
  • Ricardo, Ricardo Carvalho, Miguel, Maniche e Figo foram os jogadores “mais”
  • Petit, Tiago e Simão eram os únicos com quem se podia contar naquele banco

Sinal negativo

  • Voltámos a ficar à porta do Olimpo (é só uma constatação de facto, já que lá chegámos)
  • Tremenda incapacidade ofensiva, poucos golos, mesmo contra 10 em algumas situações
  • Não conseguimos dar a volta na primeira vez que estivemos em desvantagem
  • A falta de alternativas (de jogadores e de tácticas)
  • Pauleta, Postiga e os veraneantes Boa Morte e Nuno Gomes estiveram ou mal (os dois primeiros) ou inexistentes. Deco também esteve abaixo do esperado

Scolari

  • Resultados históricos para um país como Portugal
  • Grande especialista na união de um grupo e de um país
  • Falta de um “plano B”
  • Teimosia que leva à “cegueira desportiva”

Neste aspecto aqui recupero algumas perguntas que já tinha feito antes do início do campeonato mundial:

  • Porque foram à Alemanha jogadores como Nuno Gomes e Boa Morte se não estavam em condições de jogar?
  • Não ficou provado que Quaresma e João Moutinho fizeram falta?
  • Porque nunca se treinou uma alternativa ao 4-2-3-1 (4-4-2 ou 3-5-2)?

Bola de Berlim (20)

ou… o jogo da “pequena final”

Estamos a poucas horas de jogar uma partida pouco menos que inútil e é pena a FIFA insistir nesta “coisa” do terceiro e quarto lugares.

Portugal vai tentar repetir o terceiro lugar conquistado em 1966 (nessa altura com menos equipas).

Era justo por aquilo que a selecção fez nestes seis jogos anteriores com o plantel mais curto dos semi-finalistas.

Neste jogo Scolari falou em três ou quatro alterações: duas são obrigatórias (Ricardo Carvalho castigado, Miguel lesionado), mas é possível que, pelo menos, Petit regresse ao “11”.

Do lado alemão também há baixas, pelo menos três: Ballack, Mertzacker e Friedrich não jogam, enquanto Borowski está em dúvida.

A equipa

Ricardo
Paulo Ferreira, Fernando Meira, Ricardo Costa e Nuno Valente
Petit, Maniche e Deco
Figo, Hélder Postiga e Cristiano Ronaldo

É esta a minha aposta para este sábado. Espero que Deco entre em campo e que Postiga consiga justificar o epíteto de “jogador de futebol”. Simão e Tiago, os dois “suplentes” mais utilizados também poderiam merecer uma chamada.

Atenção que, como já disse anteriormente, o mais certo é este ser o último jogo de Figo, Pauleta, Costinha e Nuno Valente na equipa das “quinas”.

Um desejo final

Entretanto, que Portugal seja terceiro e, já agora, que a Itália vença a França.

sexta-feira, julho 07, 2006

Embrulhos e nós à portuguesa

Com o Mundial a chegar ao fim, está na altura de começarmos (ou voltarmos) a pensar na Liga Portuguesa. Algumas equipas equipas já estão a trabalhar.

A análise aos plantéis dos "grandes" será feita mais tarde, quando já estivermos mais perto do início do campeonato.

Para já, duas notas:
  • o "caso Mateus" continua a dar que falar e é mais uma embrulhada em que o futebol português gosta de se envolver e que não tem fim à vista
  • o fim da limitação de estrangeiros, sem nenhuma quota para jovens das "canteras", é um erro

quinta-feira, julho 06, 2006

Prognóstico

Aqui fica a minha aposta: Luiz Felipe Scolari não vai renovar contrato com a Federação Portuguesa de Futebol.

Tenho pena se este meu palpite se confirmar, mas é, infelizmente, isso que me parece, não só pelas declarações de ontem, mas já desde a vitória sobre a Holanda e especialmente depois do jogo com a Inglaterra.

Quer Scolari, quer o seu assessor pessoal deixam subentendido que não estarão muito interessados em continuar.

Isto, apesar do técnico brasileiro, por um lado, garantir que se sente bem no nosso país e que a sua família está encantada em Lisboa e, por outro, reafirmar que não há ainda uma decisão tomada.

O certo é que a FPF e os próprios jogadores do seu grupo querem a permanência de Felipão até ao Euro 2008.

Falta de convites, bem mais agradáveis - financeiramente - não devem faltar a Scolari, vamos ver se ganha o dinheiro ou o apoio de um país.

Há ainda um outro porMAIOR que não pode ser esquecido...

Depois do Mundial é altura de fazer uma mini-remodelação no grupo de jogadores que têm vindo com Scolari há três anos e tal: Figo e Pauleta devem estar a preparar-se para abandonar a selecção, Nuno Valente e Costinha talvez também...

Falta saber se o treinador estará na disposição de reconstruir a "família Scolari"... Acho que não está, infelizmente.

Bola de Berlim (19)

ou... a "vitória do não há duas sem três"

A França voltou a ser a nossa "besta negra" e, mais uma vez, eliminou-nos de uma grande competição, outra vez de penalty, novamente por Zidane.

Não foi um grande jogo, foi equilibrado, com poucas ocasiões de golo de parte a parte, mas que Portugal terminou a dominar sem, no entanto, conseguir quebrar a muralha francesa.

Os gauleses, após o golo, preocuparam-se só em defender e aí estiveram insuperáveis com aquele quarteto central fantástico (Thuram, Gallas, Makelele e Vieira) a não dar hipóteses aos portugueses.

Basicamente, a equipa das "quinas" teve três boas oportunidades na segunda parte: Pauleta, Figo (a mais evidente) e Fernando Meira. Da primeira parte uns remates de longe.

Não concretizou nenhuma e, assim, sobra o jogo do terceiro e quarto lugar (aquele jogo que todos querem evitar e que, na verdade, de nada serve, a não ser, cansar jogadores desmotivados).

Se de Portugal não se viu muito (Deco fez um jogo miserável, Pauleta foi quase inexistente e Figo esteve abaixo do que tem feito, talvez por não estar a 100%), da França ainda se viu menos (salvando-se o rigor defensivo).

O árbitro não esteve bem: esqueceu-se dos cartões, deixou os franceses passarem tempo e há aquele lance (muito) duvidoso sobre o Cristiano Ronaldo.

Resumindo, voltámos a perder para a nossa "besta-negra", outra vez num jogo equilibrado, outra vez através de um penalty e a nossa conta continua a aumentar: 1984, 2000, 2006...

Apesar desta desilusão nada pode esconder o bom trabalho por Scolari e os seu grupo de jogadores. Aconteça o que acontecer fizeram história e, por isso, digo... obrigado.

Claro que há críticas e as que fiz continuam válidas, mas esse comentário fica para mais tarde.

terça-feira, julho 04, 2006

Bola de Berlim (18)

ou... aí está a Itália

A "squadra azurra" carimbou o passaporte para a final do Mundial e enviou a Alemanha para o jogo do 3º/4º lugar.

A vitória foi justa, quanto mais não fosse porque teve mais remates, mais cantos, mais posse de bola e mais ocasiões.

Foi, como se esperava, um jogo muito táctico, especialmente na primeira parte, com algumas ocasiões de ambos os lados.

Buffon fez duas defesas impressionantes, já a Itália enviou duas bolas aos ferros, já no prolongamento.

Aliás, no tempo extra, deu mais Itália que até fez duas substituições ofensivas, mas os golos até já apareceram numa altura em que já ninguém esperava, ou melhor, em que só os transalpinos acreditavam.

Foi, pode dizer-se, uma vitória à italiana... cínica, mortal, sem dar hipótese de resposta.

Bola de Berlim (17)

ou... a hora de acertar umas contas antigas

Estamos a pouco mais de 24 horas de reencontrar os franceses numa meia-final de uma grande competição internacional.

Para além do balanço negativo nos jogos particulares há ainda (especialmente) duas derrotas que custam a engolir e não se esquecem, por mais anos que passem.

Em 1984, Platini eliminou a equipa das "quinas" num dos jogos mais intensos de que tenho memória. Estivemos a perder, a ganhar (já no prolongamento com dois golos de Jordão) e acabámos por ser derrotados, muito por falta de força e experiência.

Em 2000, o "penalty dourado" de Zidane e um fiscal de linha muito zeloso voltaram a colocar os lusitanos fora da corrida. Também estivemos a ganhar (grande golo de Nuno Gomes), mas depois a "coisa" acabou mal.

Seis anos depois está na hora da vingança...

O jogo

Não vai ser uma partida nada fácil esta contra uns franceses que pareciam de "fim de estação" mas que, de repente, renasceram das cinzas com a vitória sobre os espanhóis, que cometeram o erro básico de picar o orgulho gaulês.

No geral é uma equipa forte, experiente, que sabe tudo de bola e com opções para todas as posições, especialmente de ataque.

A defesa é coesa, no centro quase intransponível com Thuram e Gallas.

O meio-campo tem um muro (com Makelele e Vieira), o que dá liberdade ao artista Zidane, que está a melhorar de jogo para jogo.

Nas alas dois jovens "leões", tecnicistas e rápidos, que podem criar problemas aos laterais portugueses.

Na frente, Henry, só um dos melhores do mundo.

Depois, no banco, ainda há, entre outros, Trezeguet, Saha, Govou e Wiltord.

Portugal vai ter que estar, uma vez mais, ao seu melhor nível desportivo e de concentração para ultrapassar este adversário complicadíssimo.

Com os regressos de Costinha e Deco, as esperadas recuperações de Figo e Ronaldo e sem Petit, a equipa das "quinas" não terá dúvidas quanto ao "11" a apresentar.

Vai ser uma luta de esquemas iguais (4-2-3-1) e aí ganha quem lutar mais e errar menos.

Fundamental vai ser parar alguns jogadores-chave dos franceses: o cérebro Zidane, as arrancadas de Vieira, as subidas de Sagnol, a irreverência de Ribery e o instinto de Henry. Por outro lado convém ter cuidado com as bolas paradas e a altura dos jogadores franceses.

FRANÇA

Barthez
Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal
Makelele, Vieira e Zidane
Ribery, Henry e Malouda

PORTUGAL

Ricardo
Miguel, Fernando Meira, Ricardo Carvalho e Nuno Valente
Costinha, Maniche e Deco
Figo, Pauleta e Cristiano Ronaldo

Confesso que não grandes opções mas, face ao adversário, talvez fosse o jogo ideal para Petit (se pudesse) jogar ao lado de Costinha e Ronaldo jogar na frente no lugar de Pauleta, com Simão na ala.

Que os Deuses do futebol e, já agora, a Senhora de Fátima e do Caravagio nos ajudem.

Bola de Berlim (16)

ou... o balanço e a antevisão

Estamos a chegar ao momento decisivo do Mundial da Alemanha, já em dia da primeira meia-final. Mas ainda estamos a falar de falar sobre o que passou.

O Alemanha - Argentina sorriu aos donos da casa nas grandes penalidades, mas é verdade que num jogo excessivamente táctico (massador mesmo no primeiro tempo), os germânicos procuraram mais a vitória, talvez porque estiveram a perder.

Ficou a ideia de que a selecção das pampas não deu tudo o que podia e sabia, especialmente neste jogo, com o técnico com medo de arriscar quando se viu a ganhar com um golo no início da segunda parte.

No Itália - Ucrânia, os transalpinos não deram hipóteses, apesar do resultado ser exagerado. O jogo cínico da "squadra azzurra" continua a dar cartas.

Já no Brasil - França venceu quem jogou para isso. Dos campeões do mundo pouco ou nada se viu, com o primeiro remate perigoso a surgir já em tempo de descontos.

Foi pena, feitas as contas, ter-se visto pouco Messi e, especialmente, muito pouco Ronaldinho Gaucho.

Agora as meias finais

Face ao que tem acontecido, a Itália é, agora, a minha principal candidata ao título mundial. É uma equipa tacticamente irrepreensível, que defende muito e bem e que tem muitas e boas opções ofensivas. Depois tem aquilo que falta a muita boa gente: eficácia.

Mesmo sem Nesta e Rossi, a equipa de Lippi tem todas as condições para seguir em frente, mesmo jogando daquela forma que não entusiasma.

E que luxo deixar Del Piero a ver os jogos do banco.

Os alemães têm o "factor casa" a favor, estão moralizados e a exceder todas as expectativas, mas vão jogar sem Frings, o trinco que equilibra a equipa.

Tem a palavra o "chelseano" Ballack para servir os "polacos" da frente.

A França parece uma fénix, renascida das cinzas, depois de uma qualificação complicada, uma primeira fase difícil. Zidane está em grande e o bloco está, outra vez, forte e coeso.

Aquela mescla entre veterania e juventude acordou tarde, mas está agora mostrar resultados.

domingo, julho 02, 2006

Oficina

O Benfica volta amanhã ao trabalho para a época 2006/07.

É a primeira equipa a fazê-lo, pré-eliminatória da Liga dos Campeões "oblige", e, nesta altura, queria deixar apenas três notas:
  • Espero que o "caso" Manuel Fernandes não seja um novo "caso" Miguel
  • Estou curioso para perceber se o boato Miccoli-"dragão" tem algum fundamento
  • Claro que o plantel ainda não está formado como queria Fernando Santos

Bola de Berlim (15)

ou... "uns bifes bem passados"

Portugal está nas meias-finais de um Mundial, 40 anos depois da campanha dos "Magriços". Mais uma vez, sofremos mas passámos os ingleses nos penalties.

Foi mais uma tarde de glória e, a partir daqui, aconteça o que acontecer, já se fez "estória".

A equipa das "quinas" passou, mereceu passar, mas podia e devia ter jogado melhor, especialmente porque esteve uma hora com um jogador a mais.

É certo que não tinhamos Costinha e Deco e que Cristiano Ronaldo não estava a 100%, mas mesmo assim podia ter-se evitado o sofrimento do prolongamento e das grandes penalidades.

Também é verdade que as equipas estavam com medo de arriscar, mas a maior responsabilidade era dos portugueses.

Já agora, só uma nota, da mesma forma que Scolari já admitiu que preparou a equipa para jogar com 10, deveria fazer o mesmo para a situação de vantagem numérica.

Bom, mas como diz a outra, "isso agora não interessa nada".

O jogo

Jogou de início a equipa que eu teria colocado, para contrapor ao super-meio-campo inglês e a luta foi titânica.

Não houve muitas oportunidades de golo e o equilíbrio foi a nota dominante no primeiro tempo que chegou, obviamente, empatado a zero.

Na segunda parte, os ingleses entraram melhor e estavam a começar a ter ascendente quando ao quarto de hora o Rooney nos fez um grande favor.

Apesar da substituição do Pauleta que não percebi (não que ele estivesse a jogar bem, mas porque tinhamos um jogador a mais), a verdade é que os lusos foram aos poucos ganhando preponderância no jogo, especialmente através de remates de fora da área.

Sem conseguir criar perigo na área e com os jogadores a começarem a sentir dificuldades físicas, Portugal ainda apanhou alguns sustos, especialmente de bolas paradas.

As entradas de Hugo Viana (especialmente) e Postiga (que mal esteve, para além do penalty) ajudaram a reequilibrar a equipa e, quer no fim dos 90 quer no prolongamento, levaram a que Portugal estivesse mais perto do golo, o que poderia ter evitado o sofrimento final.

A equipa

Todos os 14 que estiveram em campo foram guerreiros, mas é impossível não destacar Ricardo que esteve absolutamente soberbo nos penalties, defendendo três e adivinhando o quarto. Foi "o homem do jogo", apesar da votação da FIFA.

A defesa esteve "cinco estrelas" com os centrais insuperáveis (Ricardo Carvalho voltou a provar que é dos melhores do mundo e Fernando Meira a cada jogo que passa vai apagando a má imagem do jogo frente a Angola) e uns laterais muito certos nas marcações e com Miguel a ter ainda força para ir à frente.

O meio-campo não esteve brilhante, também porque faltaram Costinha e Deco, mas lutaram muito. Petit entrou mal, mas recuperou, e Tiago deu tudo. Hugo Viana, desta vez, entrou bem.

No ataque, Pauleta não teve jogo enquanto Figo e Ronaldo tentaram, enquanto tiveram forças para isso. Simão não entrou tão bem como habitualmente.

De volta ao Ricardo só para dizer que tem estado a fazer um grande campeonato do Mundo, dando segurança à equipa, nos remates de fora da área, nos cruzamentos e, se calhar, vai estar no "11" da prova.

Agora, venham os franceses que nós temos duas contas para acertar com eles.