segunda-feira, julho 31, 2006

As naturalizações, o precedente e a banalização

Há muitos anos (pelo menos desde a geração que esteve no Euro 84) que o futebol português tem falta de avançados.

Normalmente, em todas as gerações lá vai aparecendo um ou outro para ir disfarçando este problema estrutural do nosso futebol e “quando não houve cão caçou-se com gato” (por exemplo Rui Barros ou Sá Pinto).

Depois de Fernando Gomes, Manuel Fernandes, Jordão e Nené, que coexistiram na mesma altura, tivemos, basicamente, Rui Águas, Domingos e Cadete, mais Paulo Alves, que era a “arma secreta” e nunca se fixou como titular.

A situação agravou-se agora com a renuncia de Pauleta à selecção, o que deixa a equipa das quinas entregues a Nuno Gomes (já com 30 anos e não um ponta-de-lança), Hélder Postiga (demora a “dar o salto” e a jogar e marcar com regularidade) e Hugo Almeida (a eterna esperança com grande potencial que ainda não explodiu).

Falta um “matador” e isso já foi evidente no Mundial da Alemanha.

Vem tudo isto a propósito das declarações de Liedson que, há uns dias, admitiu a hipótese de se naturalizar português e jogar pela selecção nacional.

Claro que um jogador como o “levezinho” dava muito jeito à “equipa das quinas” e poderia ser uma mais valia para o conjunto nacional, mas é necessário ver todos os dados do problema e não nos cingirmos, apenas, ao imediatismo da necessidade imediata.

Os mais pragmáticos, por outro lado, vão lembrar que o ataque germânico tinha dois polacos, que a Espanha tem brasileiros e argentinos, que a Itália tem também um argentino, etc, etc.

Por outro lado, esses mesmos vão lembrar o basket, o andebol e o atletismo, modalidades em que já cedemos aos naturalizados.

De recordar que a polémica regressou quando, em 2004, o brasileiro Deco se estreou de “quinas” ao peito. Muitos portugueses não gostaram e até alguns jogadores “torceram o nariz”.

Se o caso Liedson avançar, qualquer dia vamos ter alguém a pedir também a “nacionalização” de Léo (porque não há laterais esquerdos) ou de Hélton e Pepe porque são grandes jogadores.

Entretanto, nos Sub-20 lá estão Ricardo Vaz-Tê, Moreira ou Furtado... será que vão a tempo de evoluir?

Este é um processo para acompanhar e decidir com calma. Um erro pode ser a morte do futebol português.

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