Ficou resolvido (?) esta sexta-feira mais um caso - ou um caos – do futebol português: afinal, o Gil Vicente vai, ao que parece, manter-se na primeira Liga.
São vários os tópicos que merecem atenção na análise de todo este “embróglio”.
Nota prévia: o Gil Vicente garantiu dentro das quatro linhas o direito a permanecer no principal escalão e, assim, o Belenenses desceria de divisão.
É no campo que os campeonatos devem decidir-se, estamos todos de acordo quanto a isso, mas também é verdade que conhecemos as regras do organizador do futebol mundial.
Diz a FIFA que qualquer clube que faça queixa aos tribunais civis desce, automaticamente, de divisão.
Pode (e deve) discutir-se se esta regra é legítima ou faz sentido. Por mim é, no mínimo, prepotente (já para não chamar fascisoide).
Mas, o certo é que a regra existe e é conhecida por todos, em todo o mundo e, até prova em contrário, deve (tem) que ser respeitada.
Ora, posto isto, no âmbito do chamado “caso Mateus”, três clubes queixaram-se do Gil Vicente por alegada inscrição irregular do jogador angolano.
Após Mateus ter feito quatro jogos e da equipa de Barcelos se ter queixado aos tribunais civis, o “caldo entornou-se” e a polémica durou meses.
Na semana passada, os jornais davam conta da decisão da Comissão Disciplinar da Liga que daria razão à queixa do Belém e, portanto, o Gil desceria ao segundo escalão, por ter envolvido os tribunais civis no caso.
Seria o cumprir da tal regra da FIFA e assim, à primeira vista, seriam cumpridos os regulamentos (apesar do que aconteceu dentro das quatro linhas).
No entanto, hoje foram conhecidos novos pormenores que “deram a volta ao texto”.
Segundo a decisão desta sexta-feira, afinal, o caso é arquivado e fica tudo na mesma, com os “galos” na primeira e o Belenenses na segunda.
O que se alterou entretanto?
Ao que parece, um dos elementos da comissão disciplinar que numa primeira instância tinha pedido escusa, por ser familiar de um dirigente do Gil, voltou atrás e foi mesmo votar dando o seu volto à turma de Barcelos, empatando o caso a 2-2.
Face à igualdade foi o presidente do órgão que usou o seu “voto de qualidade” e acabou por dar razão ao Gil, depois de numa primeira decisão ter decidido em sentido contrário.
Assim, em poucos dias, a decisão virou completamente porque dois dos quatro elementos mudaram as intenções de voto.
O que se passou entretanto para que isso acontecesse não se sabe.
O que parece estranho é que um familiar de uma parte envolvida (familiar de dirigente do Gil Vicente) tenha voto na matéria e que outro elemento mude de opinião de um dia para o outro.
No mínimo estranho.
Primeira consequência os elementos da Liga que acabaram por ser derrotados, face à cambalhota, decidiram apresentar a demissão, por uma questão de dignidade – digo eu.
É o futebol que temos. Uma palhaçada.
Claro que “isto” ainda não acabou. O Belenenses vai, seguramente, recorrer.
sexta-feira, junho 09, 2006
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