segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Fado, Futebol e Fátima (*)

O Benfica recebe amanhã o Liverpool na primeira mão dos oitavos de final da Champions League. O campeão europeu defronta um Benfica fragilizado.

Como já aqui escrevi, em Dezembro, acho que a equipa de Rafa Benitez era a pior que poderia ter calhado ao Benfica, talvez só tendo como paralelo a Juventus.

E porquê?

É que, ao contrário de Manchester United, que “só” tinha ataque (van Nistelroy, Rooney, Giggs, Cristiano Ronaldo, mais Saha e Park, isto sem contar com Scholes), os “red devils” têm uma equipa muito mais equilibrada em todos os sectores.

Para complicar ainda mais as contas, os ingleses chegam moralizados, por terem derrotado o Man United para a Taça, e na máxima força.

Como dizia Paulo Autuori, é dificil encontrar pontos fracos numa equipa que tem Reyna (suplente de Casillas na selecção) na baliza, uma defesa que é a segunda melhor de Inglaterra, com Sammy Hyypia no comando, um meio-campo com o regressado Xabi Alonso e o fantástico Gerrard e um ataque com opções para todos os gostos com Crouch e Morientes, Cisse e Fowler, Kewell e Luis Garcia.

E depois ainda há mais um conjunto de internacionais como Carragher e Riise, Hamman e Sissoko, Traoré e Finnan, por exemplo.

Curiosamente o Benfica regressa às lides europeias tal como as iniciou com o Lille: a oito pontos da liderança e vindo de uma série de maus resultados. A diferença é que já não estamos da quarta para a quinta jornada, vamos para a 24ª.

Pode ser que esta coinciência sirva de inspiração e se inicie amanhã, no Inferno da Luz (esperemos que o seja para o Liverpool, não para os donos da casa), mais uma recuperação, psicológica, animica e, como se diz agora, de espírito de grupo.

Ronald Koeman, entretanto, teve a convocatória mais simples da sua vida enquanto técnico dos “encarnados”: chamou os 18 jogadores disponíveis.

Com Geovanni e Miccoli lesionados, Manduca e Marco Ferreira não inscritos, Nuno Assis castigado, João Pereira, Dos Santos, Carlitos e Hélio Roque por outras paragens, não fica ninguém na bancada por opção do treinador.

Quais vão ser as opções do mister holandês? Sinceramente não sei, mas cheira-me que Alcides, Andersson, Beto e Karagounis vão voltar ao “11”.

Cá vai uma aposta à Koeman:

Moretto
Alcides, Luisão, Andersson e Leo
Petit e Beto
Nelson, Karagounis, Simão
Nuno Gomes

Face a esta equipa titular, no banco estariam: Quim, Ricardo Rocha, Manuel Fernandes, Karyaka, Robert, Mantorras e Marcel.

A minha escolha seria, apesar de tudo, mais ofensiva com Manuel Fernandes no lugar de Beto, Nelson no seu lugar de origem e Robert numa das alas, em constantes trocas com Simão.

Por falar no “capitão”, convinha que esta terça-feira o “20” voltasse aos grandes jogos, a justificar o interesse do campeão europeu e a merecer, precisamente, nota “20” dos comentadores.

Resumindo e concluindo, o Liverpool é claramente favorito, não só para a eliminatória, mas também, já, para o jogo de amanhã.

Todos os dados apontam nesse sentido, os ingleses são fortíssimos, equilibrados, estão na máxima força, têm mais experiência internacional, o Benfica tem baixas importantes, está psicologicamente debilitado, desunido...

É precisamente nestas alturas e nestas circunstâncias que os “milagres” (expressão já muito utilizada aquando da partida frente a Alex Fergusson e companhia) acontecem.

Face ao actual quadro vai ser difícil, quase impossível, e é assim que nós gostamos: missões impossíveis, exibições épicas, sofrimento, até às lágrimas...

É o nosso fado... bem português

(*) a “triologia” de Salazar aplica-se aqui na perfeição

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