
Este foi realmente um mês cinzento (como a camisola), quase dramático, para o Benfica: seis jogos sem vencer no mês de Novembro.
São quatro jogos para a Liga portuguesa (empate com a Naval, Rio Ave e Belenenses e derrota com o Braga) e dois para a Champions (derrota com o Villarreal e empate com o Lille) sem conseguir os três pontos da vitória.
A “série negra” coincidiu com a lesão do capitão Simão a que juntaram mais uma mão cheia de ausências em jogadores fundamentais (Moreira e Quim, Petit, Karagounis e Miccoli).
Estes maus resultados, que dificultam a vida dos “encarnados” no campeonato e na Liga dos Campeões, colocam bem à vista as lacunas do plantel do campeão nacional.
A dependência de Simão é imensa (a prova de que o “20” não podia ter saído no princípio de época e que será catastrófico se sair em Janeiro), a falta de opções de ataque é gritante, o erro de terem ignorado o terceiro guarda-redes está a custar caro, o “desaparecimento” de alguns jogadores nucleares nota-se (Geovanni está cá?).
A juntar a estes dados, a que se juntam alguns erros do técnico e das arbitragens (que não podem ser, nem uns nem outros, esquecidos ou escamoteados), há outras questões em relação ao grupo de trabalho que merecem análise.
O Benfica só perdeu Miguel e colmatou (muito) bem com Nelson, mas a maioria das contratações ainda não justificou a aposta: Micolli e especialmente Karagounis (duas mais valias) passam mais tempo “fora que dentro”; Karyaka não é extremo-esquerdo, nem aqui nem na China, e, portanto, apesar de ser bom jogador, é um erro de “casting”; Beto não pode jogar a extremo-direito e a “trinco”, a sua posição, apesar de esforçado, não é, de maneira nenhuma, comparável com Petit e Manuel Fernandes.
Para já, só Leo e Andersson confirmaram as credenciais com que vinham rotulados.
Entretanto, é preciso que os técnicos e dirigentes do Benfica, de uma vez por todas, percebam ou definam se jogadores como Carlitos, Bruno Aguiar e João Pereira servem ou não servem para jogar no clube da “águia”. É que, das duas uma, ou servem e têm que jogar quando os titulares estão em dificuldades, ou não servem e têm que ser “despachados”.
Por fim, os miúdos: o Benfica foi campeão de juniores há dois anos, o ano passado perdeu o título na última jornada, a equipa “B” subiu de divisão e desses jogadores pouco ou nada se fez.
Está o Manuel Fernandes a titular, o Hélio Roque tem sido chamado muito pouco e… mais nada.
No princípio da época a direcção renovou contrato com vários jogadores, foi contratada uma equipa técnica com um treinador “especialista” em jovens (Tony Bruins), foi prometido que ia ser dada especial atenção a esses jogadores mas, até agora…
Só se pode tirar uma conclusão: não há, apesar dos últimos resultados, bons jogadores nas camadas jovens do Benfica porque, se houvesse, seguramente que um dos pontas-de-lança e um dos extremos (pelo menos estes) já estariam a trabalhar com a equipa principal.
(*) o grave desta situação para o Benfica é que pode não ter fim à vista: as lesões ainda não estão debeladas, o calendário que se segue é difícil e, para a reabertura de mercado, ainda falta um mês. Será que Koeman aguenta?