sexta-feira, agosto 22, 2008

Bola de Pequim (10)

OURO (*) a 17.67 no triplo-salto

Nélson Évora conquistou o Olimpo e chegou onde só três portugueses tinham chegado até hoje (Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro).

Esta vitória (a mais importante para um desportista) segue-se a outros triunfos de peso e, desta vez, o "fado" português não nos traiu no momento decisivo.

Évora desde sempre assumiu o favoritismo para a conquista da medalha, chegou aos Jogos e logo garantiu, sem medos, que estava na melhor forma de sempre, pareceu tranquilo e confiante nos dias anteriores à prova e... qualificou-se sem problemas, apesar de não ter sido o mais forte nesse dia.

Hoje, na final à chuva, ganhou e ganhou bem (contra tudo e todos, incluindo o peso de um país em depressão e um inglês fanfarrão que dizia sentir-se o super-homem).

O (primeiro) momento decisivo foi - depois do que aconteceu à colega e amiga Naide - um salto válido na primeira tentativa (17.31).

O segundo momento decisivo foi, naturalmente, o quarto ensaio que lhe deu o triunfo a 17.67, especialmente porque foi conseguido depois de um nulo e numa altura em que estava em terceiro no concurso.

O último salto acabou por não ser necessário e foi feito em lágrimas sabendo que já era campeão olímpico. Nélson garantiu, no entanto, que, se tivesse sido necessário, teria ido buscar forças para melhorar a marca e garantir o ouro.

Nélson Évora e o seu treinador João Ganso merecem este triunfo, indiscutivelmente, pelo trabalho que têm desenvolvido - juntos - há muitos anos (sempre a evoluir, mas nem sempre com as melhores condições) e é ainda mais fantástico se nos lembrarmos de dois momentos essenciais:

- Nélson e João conheceram-se por acaso quando o jovem costa-marfinense, filho de cabo-verdianos, foi viver para o mesmo prédio e se tornou amigo do filho.
- Uma lesão no joelho retirou a Nélson a hipótese do futebol e especialmente do salto em altura, "obrigando-o" a transferir-se para os saltos.

Depois do ouro no Mundial do ano passado e, agora, nos Jogos Olímpicos poderia pensar-se que Nélson Évora já teria chegado ao topo mas, dada a juventude do atleta e a sua capacidade de trabalho, é de acreditar que possa ainda chegar mais longe e, quem sabe, alcançar os míticos 18m do Edwards, já daqui a quatro anos em Londres.

Parabéns...

PS: Como vai ser bonito ouvir o hino e ver a nossa bandeira no ponto mais alto dos Jogos Olímpicos de Pequim.

(*) fotogaleria RR

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