sexta-feira, setembro 30, 2005

Crédito e Débito (*)

O Sporting foi, esta noite, humilhado em casa diante do Halmstads e fica fora da Taça UEFA.

Contra uma equipa acessível, a quem tinham ganho na Suécia, os “leões” desperdiçaram e acabaram derrotados, com mais uma má exibição e um coro de assobios no final.

No final, José Peseiro veio assumir as responsabilidades pela derrota, pedir desculpa aos sócios e dizer que achava que tinha condições para continuar.

O jogo de hoje em Alvalade teve pelo menos um lado positivo: obrigou o treinador a baixar a “juba” e a mostrar alguma humildade.

Era fatal como o destino: aquelas tristes declarações após o Sporting – Setúbal e a substituição de Liedson iam atingi-lo, como se fossem um “boomerang”.

“Os sócios assobiaram-me mas eu acho que tenho crédito e não em débito para com eles” – foi algo assim que Peseiro disse.

Ora, a justificação do técnico tinha a ver com o “bom jogo da equipa na época passada e as boas campanhas na SuperLiga e na Taça UEFA”.

A modéstia é algo que fica bem a todos, especialmente a quem – apesar das “boas campanhas” – ainda NADA ganhou e este ano já ficou fora de jogo na Liga dos Campeões e da Taça UEFA.

Só umas últimas notas para o jogo desta noite:

· Nelson fez duas defesas de “outro mundo” mas falhou no segundo golo
· Paíto não é jogador para ser titular do Sporting
· Tonel não merecia ter saído da equipa
· João Moutinho está a pregar no deserto
· Os “leões” não estão adaptados ao 4-3-3

(*) Peseiro esqueceu-se de actualizar o saldo da conta. Vamos ver se o divulga após o jogo frente ao Paços de Ferreira.

M &M

O FC Porto é quase Massacrante a atacar, mas é Medíocre a defender – isso mesmo ficou provado no jogo diante do Artmédia.

Co Adriaanse vive num mundo só dele e esquece-se que o futebol é um jogo feito de equilíbrios.

Quem joga para ao ataque arrisca-se a vencer mais vezes que os adversários que não o fazem – é verdade – mas também é verdade que sem uma boa defesa, dificilmente se conquistam títulos.

Os “dragões” podiam ter esmagado o Artmédia, tal é o caudal ofensivo da equipa, mas a verdade é que os “azuis e brancos” não sabem defender, defendem com muito poucos e têm lacunas sérias no sector.

A táctica do holandês é tremendamente ofensiva e isso é bom para a vista, mas os sócios portistas, antes do espectáculo, devem querer vitórias.

Mais uma vez volto ao exemplo Mourinho só para dizer que as suas equipas, antes de tudo o resto – que é muito – são fortíssimas a defender.

Voltemos ao FC Porto de Co Adriaanse e atentemos no seguinte:

· Os dois defesas laterais são adaptações (Bosingwa é médio defensivo, César Peixoto é extremo-esquerdo) e, por isso, tem pouca rotina de lugar, o que dificulta em termos defensivos.
· Os dois médios centro (Ibson e Lucho) não são “trincos”, vão trocando de posição entre si (mais atrás ou mais à frente), dando grande ritmo ofensivo à equipa, mas nenhum é um “Costinha”. Mais uma descompensação defensiva.
· Os centrais não dão a segurança necessária, a segurança a que o Porto e Baia estavam habituados. Ricardo Costa ainda é muito novo, Pedro Emanuel está lesionado e falta a voz de comando do “capitão”, que também já não tem pernas
· Os extremos (Quaresma e Jorginho) não são propriamente conhecidos pelo seu a-vontade e pela sua vontade de defender.
· O ataque está a falhar muitas oportunidades, o que se nota mais quando a equipa começa a sofrer golos.

Ora isto tudo somado explica os seis golos sofridos na Liga dos Campeões e os zero pontos conquistados até agora.

Na Liga interna, a “coisa” vai dando porque, enfim, é o campeonato que temos.

Co Adriaanse diz que se sente envergonhado pela derrota frente aos eslovacos mas também já disse que não vai alterar a estratégia.

O homem é teimoso, mas eu acho que se ele quer continuar a jogar assim tem que descobrir dois laterais que defendam e um central que comande a defesa.

O mercado reabre em Janeiro, até lá, os adversários vão rezar para que as baldas na defesa continuem e os falhanços no ataque também.

Quem não arrisca…

Todos os que habitualmente acompanham o futebol sabem que, na esmagadora maioria dos casos, quem jogo para empatar perde.

Foi isto que aconteceu ao Benfica em Manchester. Faltou vontade de arriscar, para ganhar.

Diante de um Man United “meia dose”, só com seis titulares em campo, os “encarnados” perderam o jogo e perderam uma ocasião soberana para quebrarem o enguiço do Old Trafford.

A equipa até entrou bem, criou duas grandes ocasiões de golo (Miccoli e Ricardo Rocha) e foi controlando o jogo até ao lance do golo da equipa da casa.

Na segunda parte, o Benfica voltou a entrar bem, empatou com um grande golo e tudo parecia encaminhado para os portugueses irem à procura dos três pontos.

Foi aqui que Koeman falhou: ao tirar Miccoli e não Beto (que fez uma exibição miserável), o treinador holandês deu a entender ao resto da equipa e ao adversário que ia defender.

Ora, convidado a atacar, o Manchester fê-lo e marcou na marcação de um canto naquela que terá sido a única falha da defesa “encarnada” durante todo o jogo.

As substituições, em desespero, a cinco minutos do fim, já nada resolviam… e lá se foram os três pontos, ingloriamente.

O Benfica entrou em campo com duas “novidades”: Ricardo Rocha no lugar de Andersson e Beto no lugar do tocado Geovanni.

Na defesa a minha primeira reacção foi de susto: “Mas, está a sair o mais sereno e menos faltoso defesa do Benfica”. Acabei por me lembrar que o português é mais rápido que o brasileiro e rezei para que houvesse poucas faltas.

Luisão e Rocha foram grandes diante de Van Nistelrooy e “só” falharam em dois lances: um deu golo, o outro deu bola na barra.

No meio campo, a reacção foi de perplexidade: “Porque raio, vai o Koeman voltar a adaptar o Beto à direita, quando tem Geovanni e João Pereira?”.

A minha apreensão foi-se agravando com os minutos a passar. Beto não é meio direito – já o sabia – o que desconhecia – porque é só nos grandes jogos que se vê quem tem “estaleca” – era que o ex-Beira-Mar treme como varas verdes nos grandes palcos.

No mini-campeonato da Champions só não se complicou porque, no outro jogo do grupo, aconteceu um empate.

Os dois jogos com o Villareal vão ser absolutamente decisivos.

domingo, setembro 25, 2005

“Deixem-nos sonhar!”(*)

O Benfica vai jogar terça-feira no “Teatro dos Sonhos” frente ao Manchester United na segunda jornada da Liga dos Campeões.

Os “encarnados” vão, agora sim, voltar aos verdadeiros palcos da Europa, onde sempre deviam ter estado, defrontando uma das grandes equipas da Europa e do Mundo.

Na actual conjuntura este é, seguramente, o jogo mais fácil do Benfica em toda a época.

As razões são claras e objectivas: a equipa da Luz vai jogar contra uma fortíssima equipa em Old Trafford; o Benfica não é, obviamente, favorito e, se perder, é um resultado “normal”; a equipa de Koeman tem três pontos da primeira partida frente ao Lille; tudo o que vier para além disto é lucro (de prestígio, desportivo e monetário).

Em teoria, o Benfica não terá grandes hipóteses porque continua a ter um plantel curto e inexperiente que, ainda por cima, tem jogadores "nucleares" em baixo de forma: os quatro habituais do meio-campo são exemplo disso.

Esperemos que, em Inglaterra, a equipa portuguesa possa, pelo menos, contar com o Miccoli dos jogos europeus e o Nuno Gomes dos últimos jogos nacionais.

(*) Como sabem esta frase foi celebrizada pelo “Bom Gigante” quando era seleccionador nacional… É nesta altura em que José Torres atravessa uma fase difícil da sua vida que quero lembrar o grande jogador que foi de “águia” ou de “quinas” ao peito. Um abraço.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Outras bolas…

Este blog não é só sobre futebol e, por isso, sempre que se justificar, vamos trazer aqui outros desportos. Hoje, o basquetebol merece atenção.

Em primeiro lugar, é de felicitar a basquetebolista Ticha Penicheiro que alcançou um feito histórico para si e para Portugal.

A base das Sacramento Monarchs conseguiu, depois de oito épocas na WNBA, o principal campeonato de “basket” feminino do mundo, o título maior da prova.

Para além disso, a portuguesa é a campeã das assistências na Liga e participa todos os anos no “All Star Game”.

É sem dúvida impressionante a grande campanha da jogadora nacional que jogava no Santarém.

Em segundo lugar, gostaria de dar os parabéns também ao Benfica por ter feito justiça para com o “Eusébio do basquetebol português”.

Depois de alguns anos afastados, por razões mais ou menos incompreensíveis, os “encarnados” e Carlos Lisboa chegaram a um acordo e o antigo “camisola 7” vai liderar a nova estrutura profissional do clube para a modalidade.

Há símbolos e referências que é fundamental saber preservar a bem do passado, mas também do futuro dos clubes.

A fava

Alguém tinha que ser o primeiro e a “fava” calhou a Rui Rodrigues, mais conhecido por “Juca”, que deixou de ser o técnico do Marítimo.

Este treinador, que passou de provisório a definitivo na época passada, não aguentou agora mais do que quatro jornadas, dois empates e duas derrotas.

Já tinha ficado surpreendido por Juca ter assumido o cargo de técnico principal no ano passado e, mais surpreendido fiquei, por ter começado esta época.

Registo o facto do próprio Carlos Pereira, presidente do clube, também ter tido dúvidas porque, recordo, o Marítimo foi o último dos 18 clubes a confirmar a equipa técnica.

Confesso que ainda vi pouco este Marítimo, versão 2005/06, mas há dois aspectos que me saltam à vista e me causam alguma impressão:

1) Como é possível que os insulares joguem sem um único português no “11” titular?

Obviamente, que este caso não é seguramente único em todo o mundo, mas não é por isso que não deixa de ser criticável. A lei “Bosman” permite que isto aconteça, mas deveria ser obrigatório haver uma quota de jogadores nacionais.

2) Como é possível que o quarto orçamento da Liga profissional desbarate assim o dinheiro de todos nós.

Sim, porque o dinheiro que o Governo regional da Madeira lá coloca é dos nossos impostos e, eu, por mim, não aceito andar a pagar equipas de futebol. No entanto, se, por absurdo, isso tem que acontecer – nem que seja indirectamente – então, tenho que exigir bons resultados e vitórias.

Para além da queda de Juca, também o treinador da União de Leiria está na “corda bamba”. José Gomes é jovem e não tem currículo e, por isso, a pressão para “mostrar serviço” é maior.

O futebol que temos…

Depois do “caso Miguel”, aí está a segunda versão do “Perdoa-me”: para manter o cargo, Norton de Matos teve que vir explicar as suas palavras depois de ter denunciado ordenados em atraso no Setúbal.

Todo este caso levanta-me várias inquietações:

1) Como é possível que um clube profissional da Liga já tenha dificuldades de tesouraria à quarta jornada?
2) Como é possível que o senhor Chumbita, presidente do clube, não se justifique perante os atrasos nos ordenados e, ao mesmo tempo, admita despedir um treinador só porque este faz um alerta sério?
3) Como é possível que ninguém da Liga profissional se pronuncie sobre isto?
4) Será que Norton de Matos devia ter-se prestado a este papel?

Pode questionar-se se um atraso de 10 dias nos salários (parece que é mais ou menos isso que está em causa) já justificava um alerta pública por parte de Norton de Matos.

Eu, por mim, penso que sim… quem trabalha merece receber aquilo que lhe é devido e foi prometido (os prazos são para ser cumpridos). No entanto, já acho duvidoso que seja positivo que um treinador tenha que se rebaixar para continuar no Bonfim.

Por outro lado, é bom que não nos esqueçamos que este mesmo técnico vem de uma experiência “traumática” no Salgueiros, que terminou como se sabe.

Todo este caso tem, desde já, um lado positivo e um outro negativo: com esta atitude, Norton de Matos “ganhou” o balneário, mas fica com a direcção à perna que não vai perdoar qualquer deslize.

Estamos em Setembro e já se fala em ordenados em atraso. Como estaremos em Dezembro ou em Março ou no final da época?

Quantos outros clubes dos campeonatos profissionais estarão nas mesmas condições do Vitória de Setúbal.

Já agora só mais uma dúvida: o que fez a SAD sadina ao dinheiro das transferências que realizou no final da época passada?

Não terá, seguramente, gasto tudo em novos jogadores, porque a esmagadora maioria dos que contratou vieram de escalões inferiores, a preços acessíveis.

“A fome e a vontade de comer”

Faz hoje cinco que José Mourinho se estreou como técnico profissional. O Benfica teve o privilégio de apadrinhar este treinador, infelizmente não o soube aproveitar.

Quando chegou à Luz a dúvida era geral. O jovem técnico ia estrear-se no comando técnico de uma equipa profissional e era logo o Benfica.

Foram poucos meses, mas o certo é que os “encarnados” melhoraram e, com um bando de miúdos (onde estavam, por exemplo, Miguel, Maniche e João Tomás), estava a ser formada uma equipa.

Tudo terminou de forma intempestiva após um Benfica – Sporting, em que a equipa de Mourinho venceu por 3-0.

Na direcção já estava Manuel Vilarinho, que teria um pré-acordo com Toni para o final da temporada. Mourinho, inchado, arrogante e plenamente convencido daquilo que podia e sabia (como hoje se comprova) foi exigir, logo ali, a renovação do vínculo. O Benfica não aceitou e José Mourinho saiu.

O técnico passou pela União de Leiria e fez um grande trabalho, o que chamou a atenção do FC Porto. Nos “dragões” o êxito foi total (Campeonatos, Taças nacionais e internacionais e a inimaginável Liga dos Campeões).

A partir daqui, saiu-lhe o “jackpot”. Um dos clubes interessados no treinador português foi o “poço sem fundo” chamado Chelsea. Assim se completou a dupla ideal: “a fome com a vontade de comer”.

A Premier League já lá está, as Taças também. Fica a faltar a “Champions”.

Após estes cinco anos, já não há dúvidas: o homem é mesmo o melhor do mundo, é “the special one”, como lhe chamam os ingleses.

Títulos atrás de títulos, recordes atrás de recordes e unanimidade total quanto à qualidade técnica, táctica e de gestão de grupo do Zé.

A contratação de Mourinho terá sido, seguramente, a única coisa que Vale e Azevedo fez de positivo enquanto presidente do Benfica.

Será que hoje os dirigentes “encarnados” estão arrependidos de não terem respondido afirmativamente à “chantagem” de Mourinho?

Apesar de tudo, continua a achar que “valores mais altos se levantam”…

domingo, setembro 18, 2005

Falta de chá

Há uns dias elogiei Co Adriaanse, agora sou obrigado a criticá-lo porque “quem anda à chuva molha-se”.

Não sei se é de estar inchado das vitórias no campeonato ou de ter digerido mal a derrota frente ao Rangers, o certo é que o “mister” portista perdeu a cabeça.

É óbvio que a nossa Liga não é a melhor do mundo (e Adriaanse, enquanto “profissional de topo”, deveria saber disso), os jogos são muito faltosos, há muita polémica na arbitragem, a organização é feita com os pés, há poucos jogadores de classe internacional…

Tudo isso já sabemos e não precisamos que o treinador dos “dragões” nos venha dizer que está “muito preocupado com o futebol português” porque não dá espectáculo e não marca golos.

O homem não se pode esquecer que nos últimos anos, FC Porto e Sporting chegaram a finais europeias e que a Selecção é vice-campeã da Europa.

Não é suficiente – talvez – mas é seguramente mais do que fez a Holanda do senhor Co.

Como elogio, alguns já compararam Adriaanse a Mourinho… Cuidado com as precipitações. É que, arrogante por arrogante, eu prefiro os arrogantes que ganham.

Parece-me bem que o treinador do FC Porto tente “disciplinar” McCarthy e Quaresma, se acha que isso é em benefício do grupo de trabalho. Já me parece absolutamente dispensável que venha tentar mostrar-se superior em relação aos “comuns mortais” dos coitadinhos dos portugueses e nos dê lições de moral.

Caceteiros

O Vitória de Guimarães tem dois “jogadores” que abomino. Acho que o que eles fazem em campo não é jogar à bola, é simplesmente dar porrada em tudo o que mexe.

Flávio Meireles e Moreno são “jogadores” treinados por Jaime Pacheco. Ora, esta combinação é explosiva e juntou-se a “fome” com a “vontade de comer”.

Vão ser seguramente raros os jogos em que, pelo menos um destes dois elementos, não leve o “amarelo”.

Pior que a colecção de cartões no final das 34 jornadas, pode ser o facto destes dois “jogadores” poder também enviar uma mão cheia de jogadores para o “estaleiro”.

O último exemplo é Delibasic. O avançado do Sporting de Braga sofreu uma entrada de Moreno e vai ficar, pelo menos, quatro meses a ver a “bola” pela televisão.

Quero acreditar que o "jogador" vimaranense não fez de propósito, mas o certo é que a atitude (extremamente) agressiva é recorrente e, desta vez, teve mesmo consequências graves.

É nestas ocasiões que me lembro sempre da dupla João Pinto – Paulinho Santos. Foi caso único, mas podia e devia ter feito jurisprudência: o médio do FC Porto ficou sem jogar durante as semanas em que o avançado do Benfica esteve ausente.

No caso mais recente, o Braga ficou sem o avançado, mas não consta que Moreno tenha sofrido qualquer penalização.

Só as imagens do lance já arrepiam, agravadas com a confirmação da lesão… é caso para perguntar: Se o regulamento existe porque não é mais vezes utilizado?

sábado, setembro 17, 2005

“A táctica é ganhar”

Ronald Koeman fez esta declaração antes da partida com o Lille para a Liga dos Campeões.

O treinador dos “encarnados” tem razão ao reforçar que, no fim de contas, o importante são os três pontos em qualquer jogo, mas não é verdade que a táctica seja irrelevante.

Aliás, o próprio técnico holandês reconheceu isso mesmo ao deixar o 3-4-3, com que vinha a jogar, para actuar em 4-4-2, que se adapta muito melhor às características dos seus jogadores.

Na abertura da Champions, Koeman juntou a táctica à vitória frente aos franceses do Lille.

É verdade que não fez mais que a sua obrigação contra o adversário mais fraco do grupo, mas também é verdade que, com os melhores jogadores, nas posições correctas, a equipa melhorou.

Por outro lado, há que lembrar também que todas as grandes equipas têm um sistema definido e dificilmente o alteram, pelo menos, de início.

Eurolândia

Devido a dificuldades de agenda, só hoje me é possível comentar a semana europeia.

O FC Porto perdeu frente aos escoceses do Glasgow Rangers por 3-2 e desperdiçou uma boa oportunidade de começar, desde já, a garantir um lugar na fase seguinte da Liga dos Campeões.

Os “dragões” eram favoritos e em campo mereciam outro resultado, mas uma defesa que sofreu golos a mais, um ataque que marcou golos a menos e um árbitro que se enganou demais impediram que isso acontecesse.

Em princípio, os Rangers são o adversário directo dos portistas para o apuramento o que torna este resultado ainda mais negativo.

Obviamente que a qualificação continua a ser possível, mas já vai ser preciso fazer umas continhas ou ir ganhar a Itália.

Já o Benfica fez o que tinha a fazer: ganhar em casa ao adversário mais acessível do grupo.

Koeman, desta vez, não inventou, colocou os jogadores “en su sítio” e teve a sorte de ter tido um golo na melhor altura possível.

A exibição de Miccoli deixou “água na boca” e o entendimento com Nuno Gomes ainda pode melhorar.

O Vitória de Setúbal defrontou uma equipa manifestamente superior, mas não deslustrou.

É certo que o empate a uma bola em casa diante da Sampdória deixa a eliminatória complicada, mas tudo pode ainda acontecer. No entanto, os “sadinos” não se podem deslumbrar até porque a prioridade tem que ser a Liga interna e não a UEFA.

Quem também empatou foi o Braga mas em Belgrado. É, em teoria, um bom resultado diante do experiente Estrela Vermelha.

Os “arsenalistas”, que estão a dar cartas a nível interno, já mostram argumentos à Europa e podem chegar à fase de grupos se conseguirem uma vitória em casa.

A lesão grave de Delibasic pode complicar as contas a Jesualdo Ferreira, mas o plantel parece ter soluções.

Na Suécia o Sporting cumpriu a obrigação de ganhar ao último classificado do campeonato, apesar de ter actuado em regime de “rendimento mínimo”.

As estreias a titular de Wender e João Alves foram positivas e o jogo da segunda mão vai servir para cumprir calendário e para a goleada.

No último jogo da noite, o Guimarães renasceu das “cinzas” e conseguiu uma vitória importante diante dos campeões polacos.

Diante do Wisla Cracóvia, Jaime Pacheco fez várias alterações no “11” e a equipa parece ter gostado das “novidades”.

O golo do “Zidane da Tunísia” é um monumento que devia ser classificado pela UNESCO como património mundial.

Resumindo, para as nossas contas na UEFA, a “coisa” não correu mal: Benfica entrou a vencer na Champions, Sporting, Guimarães e Braga estão com um pé na fase de grupos da UEFA.

domingo, setembro 11, 2005

Jackpot

Foi o próprio Co Adriaanse que o admitiu no final da partida frente ao Rio Ave: “Este é um cenário de sonho para um treinador”.

Quando uma equipa vence, no final do jogo, por 3-0 com todos os golos a serem marcados pelos jogadores que saíram do banco, qualquer técnico se pode dar por muito satisfeito.

O FC Porto pressionava o Rio Ave mas tardava em marcar. Arriscando tudo, entraram Hugo Almeida, Quaresma e Alan que se juntaram a Sokota e Jorginho.

Como diria Quinito, “toda a carne foi colocada no assador” e, em sete minutos (entre os 87 e os 94 minutos), passou-se de um cenário de “dois pontos perdidos” para o limiar da goleada.

Quaresma marcou um grande golo, um golo “à Quaresma” de pé direito, no lado direito e, a partir daqui, tudo foi fácil com Alan e Hugo Almeida a também "molharem a sopa".

É certo que os “dragões” não tiveram um início de Liga complicado e até nem têm jogado muito, mas uma coisa é certa: já se nota uma evolução e os 26 remates feitos ontem são a prova disso.

Adriaanse pode ainda não ter toda a segurança defensiva que deseja, mas como é, parece ser, um técnico de ataque “isso” fica para “segundas núpcias”.

Aliás, o holandês não foi de modas e já chegou a dizer que ganhar em casa por menos de três é um mau resultado.

Ontem cumpriu e, para já, Adriaanse parece satisfeito: “O FC Porto fez boas escolhas no defeso. Tenho muitas opções: jogadores altos, baixos, de equipa, mais individualistas... óptimas alternativas para responder às adversidades e exigências dos jogos e que só complicam a vida aos adversários”.

Fora das quatro linhas, o ex-técnico do AZ Alkmaar também continua a marcar pontos: depois de ter “despachado” Leo Lima está, agora, a tentar “domar” o sul-africano Benni McCarthy (ou o seu empresário) e a “ensinar” Quaresma a ser colectivo.

Não sei se os “azuis e brancos” vão ganhar a Liga, o que sei é que têm muitas opções no plantel e parecem ter um técnico preparado para conduzir esta nau.

Duvido que os outros Grandes possam dizer o mesmo…

Pior era impossível…

Está confirmado: o Benfica consegue esta época o pior início de campeonato de sempre. À terceira jornada tem 1 ponto em nove possíveis.

No entanto, o que é para mim ainda mais preocupante é a instabilidade táctica da equipa e a falta de fio de jogo.

É certo que a expulsão de Ricardo Rocha foi decisiva, mas as substituições (entrada de Beto para lateral-direito e de Alcides para central) são elucidativas.

Ronald Koeman voltou a insistir nos três centrais quando parece óbvio que a equipa não está rotinada com essa táctica, especialmente os laterais, que são absolutamente decisivos nesse sistema.

Não se pode jogar - e querer ganhar - sem treinar e criar aquilo que os treinadores chamam de "automatismos".

Resumindo, vamos lá ver se nos entendemos: o Nelson não é defesa esquerdo, o Beto não é defesa direito, Carlitos não é jogador para ser titular do Benfica, o Miccoli não é ponta de lança, o Simão não pode fazer tudo…

Por outro lado, não percebo como é possível que Karagounis faça um treino e jogue a titular frente ao Sporting, como é possível que Miccoli treine uma semana e jogue a titular, como é possível que Nelson chegue do Boavista, faça dois ou três treinos e jogue a titular fora da sua posição, como é possível que Leo vá para o banco e não seja opção quando falta um defesa esquerdo.

Há situações que não se entendem: como é que um treinador do Benfica muda de táctica três vezes no mesmo jogo? Como é possível que o Benfica, depois de quatro jogos oficiais, ainda não tenha uma táctica definida?

Esta noite, só no último quarto de hora, já em desespero, os “encarnados” se encheram de brio e vieram para a frente arriscando e criando oportunidades, mas já era tarde.

O Benfica tem agora dois jogos fundamentais em que é obrigatório conseguir duas vitórias: contra o Lille para a Liga dos Campeões e com a União de Leiria para a Liga.

Cheira-me que o “kit de sócios” vai ter um novo produto: lenços brancos.

sábado, setembro 10, 2005

Aí, se ele cai…

Esta noite há “derby” em Lisboa. No Alvalade XXI defrontam-se os adversários de sempre e a expectativa é grande. Koeman parece “fora de jogo”.

É certo que ainda só vamos na jornada três da Liga, mas a actual conjuntura torna este jogo já (quase) decisivo para um dos intervenientes.

Se o Benfica perder fica a oito pontos da frente e faz o pior arranque de campeonato de sempre. O Sporting pode fazer o pleno (9 pontos) e esquecer, definitivamente, o início de época do ano passado.

É curioso como os papéis dos dois vizinhos da Segunda Circular se trocaram de uma época para a outra, mas os “cenários” futuros ficam para próximos posts.

Vamos agora só fazer uma previsão daquilo que se poderá passar logo à noite.

Antes de mais – confesso - este é um dos clássicos que mais dúvidas me deixa em relação às equipas a apresentar, especialmente no que diz respeito ao Benfica.

Por várias razões: primeiro porque estamos, ainda, em princípio de época, depois porque chegaram reforços de última hora e o campeonato esteve parado para a selecção e, por fim, porque – no que diz respeito aos “encarnados” – parece haver ainda dúvidas do treinador quanto à táctica certa a utilizar.

Nos “leões”, já se sabe, não jogam Ricardo (em descanso), Beto, Edson e Custódio (lesionados) e podem estrear-se Wender e João Alves.

Nos campeões nacionais estreiam-se Karagounis e Miccoli e falta Petit, por lesão.

Entretanto, ontem, Peseiro confirmou a titularidade de Sá Pinto, que vai capitanear a equipa da casa.

Posto isto, o Sporting deve entrar em campo com uma táctica nova (4-3-3): Nelson, Rogério, Polga, Tonel e Tello, na defesa; Luís Loureiro, João Moutinho e Sá Pinto, no meio-campo, e um trio de ataque com Liedson no centro, Douala, na direita, e Wender na esquerda.

Pode, no entanto, o técnico leonino manter o 4-4-2 e aí haveria troca de brasileiros com Deivid a entrar para o lugar de Wender e Douala a jogar mais atrás.

Já no Benfica, as interrogações são maiores. Por um lado, é necessário não esquecer que Ronald Koeman andou, toda a pré-temporada e primeiros jogos oficiais, a jogar em 4-2-3-1 mas, de repente, contra o Gil Vicente, em casa, alterou tudo e jogou numa espécie de 3-4-3, que mais parecia um 3-4-2-1 (com Simão e Nuno Assis atrás de Nuno Gomes).

A equipa entrou bem, até porque a equipa de Barcelos ficou baralhada, mas acabou por perder o jogo.

Agora, apesar disso, o técnico holandês parece disposto a insistir nesta táctica e, ao que dizem os jornais de hoje, a arriscar nos dois novos jogadores logo de início.

Moreira na baliza; Andersson, Luisão e Ricardo Rocha, na defesa; Nelson, Manuel Fernandes, Karagounis e João Pereira (ou Leo) no meio campo; Simão à esquerda, Micolli no centro e Carlitos (?) na direita.

Ora, partindo do princípio que é este o “onze” e já dando de barato a titularidade de Carlitos no lugar de Geovanni (que, há primeira vista, não faz sentido), há outra coisa que salta à vista:

Se o Sporting actuar em 4-3-3, como parece, a táctica de 3-4-3 do Benfica parece-me completamente errada. Lembro-me sempre de um jogo que a equipa de Souness foi fazer às Antas contra o FC Porto de Jardel, Drulovic e Capucho (salvo erro) em que passou o jogo todo a “apanhar bonés” com três centrais.

E não é preciso ser nenhum génio para perceber porquê. Basta pegar numa folhinha e fazer o desenho táctico das equipas para perceber que, dificilmente, estas duas tácticas podem ser “compatíveis”.

A confirmar-se, o Benfica terá três centrais a marcar um único ponta de lança e ninguém, directamente, a marcar os dois extremos – a não ser que recue os alas e, aí, fique com gente a mais na defesa e gente a menos no meio campo (2 “encarnados” contra 3 “verdes”). Enquanto isso, o ataque estaria a “dar-se” à defesa “leonina”: três avançados contra quatro defesas.

Koeman tem que vencer este jogo, sob pena dos “lenços brancos” começarem a surgir, e parece disposto a arriscar tudo: táctica “maluca” e jogadores sem treino de equipa.

José Peseiro tem, para além de cinco pontos de avanço e de jogar em casa, a vantagem de ter a táctica e a equipa mais estabilizadas.

O Sporting é – por tudo isto – claramente favorito.

domingo, setembro 04, 2005

Nas teias da lei…

Miguel já está no Valência, depois de ter custado ao clube “che” oito milhões de euros, mas o caso ainda não foi dado por encerrado pelo Benfica.

Os “encarnados” vão, agora, levar o assunto para os tribunais civis e exigem ao jogador mais dois milhões de euros.

Luís Filipe Vieira não perdoa ao antigo lateral direito da Luz, nem aos dois senhores que o acompanharam neste imbróglio (Paulo Barbosa e Dias Ferreira).

Uma das bases da argumentação do Benfica é o parecer da Comissão Arbitral Paritária que deu, por unanimidade, razão ao campeão nacional.

Este é um caso que interessa não só ao Benfica, mas também a todos os clubes e jogadores. O que ficar decidido vão fazer “estória” e marcar as futuras relações entre as partes.

Não se pode assinar e depois dizer que não se assinou, não se pode dizer que não se assinou e depois apresentar propostas para venda, não se pode querer sair a qualquer preço.

É também altura dos jogadores terem atenção a quem entregam as suas vidas desportivas. Alguns “empresários” e “especialistas” não querem saber dos atletas, querem saber, tão só e apenas, dos euros.

SIM ou (n)ÃO

No último dia de transferências do mercado de Inverno, o campeão europeu ofereceu 18 milhões de euros ao Benfica por Simão. Os “encarnados” queriam 20 e recusaram.

A dúvida é: Vieira e Veiga fizeram bem ou mal ao não terem vendido o "capitão" por esta verba elevada (bem superior aos 12 milhões que o jogador custou)?

Seguramente que a opinião não é unânime, nem sequer entre os sócios e adeptos do Benfica, os mais inquietos nessa quarta-feira louca.

Em minha opinião – e mesmo correndo o risco de nunca mais haver uma proposta tão elevada – o Benfica fez bem ao aguentar o extremo.

As razões são várias: não só porque Simão é um jogador fundamental no esquema da equipa (Trappatoni dizia “Graças a Deus que temos Simão), pelo que joga e pela mística que tem, mas também pelo facto (que não pode ser negligenciado) de estarmos a poucas horas do fecho das inscrições e de, portanto, o Benfica ficar sem hipóteses de colmatar a baixa.

Por outro lado, ninguém perceberia que a equipa da Luz vendesse o seu melhor jogador 24 horas depois de se ter reforçado com dois internacionais.

Basicamente, o que abortou o negócio foi o “timming”. Se o Liverpool se tem lembrado do português 15 dias/três semanas antes, seguramente que teria havido “fumo branco”, assim…

Percebo que Simão tenha ficado um pouco abalado e desiludido - porque ia ganhar bom dinheiro, porque ia jogar para Inglaterra, porque ia jogar no Liverpool campeão europeu – mas acredito que o “capitão” vai continuar a honrar a camisola do Benfica como sempre fez, a jogar, a fazer jogar, a marcar e a dar a marcar.

O “20” “encarnado” vai, se tudo correr bem, ter outras boas oportunidades e, já foi dito pelos responsáveis, na altura certa, pela verba desejada, Simão vai poder sair a bem e por bem.

Vem aí a Liga dos Campeões e o Mundial da Alemanha. Ao Simão resta continuar a jogar bem e a aguardar pelo momento certo… ao Benfica resta esperar que o jogador “produza” e, ao mesmo tempo, preparar o futuro procurando um jogador à altura.

“Wender” e comprar grandes e “p(M)iccoli” jogadores

Fecharam, pelo menos até Janeiro, as contratações no futebol português. O último dia de mercado foi de loucos.

No Benfica entraram dois jogadores (Karagounis e Miccoli), no Sporting outros dois (João Alves e Wender), no FC Porto um (Marek Cech).

Os “grandes” tentaram, assim, equilibrar os plantéis com jogadores que viessem acrescentar algo.

Entre os “encarnados” havia duas lacunas evidentes (um “10” e um “matador”), entre outros acertos que se podiam fazer.

O “playmaker” acabou por chegar (embora os “entendidos” consideram que o internacional grego não é um verdadeiro construtor de jogo), mas o ponta-de-lança ficou em casa. O italiano Miccoli é avançado, tem um remate fácil, faz alguns golos, mas não é o homem que se esperava.

Agora, resta a Koeman conseguir o milagre de integrar bem estes dois jogadores no “11” e descobrir como fazer golos, sempre e só com a bola pelo chão.

José Veiga tinha prometido dois reforços importantes, verdadeiras mais-valias e, beneficiando do final do prazo, cumpriu, em teoria, esse objectivo. Faltou, no entanto, tapar a mais evidente das falhas da equipa: o “9” não veio. Talvez tenha que chegar no mercado de Inverno, vamos ver se não será já tarde de mais.

O Benfica terá, seguramente, uma das equipas mais baixas da Liga profissional (Leo, Nelson, Petit, Manuel Fernandes, Karagounis, Simão e Miccoli) e isso é um dos problemas do treinador, especialmente nos jogos da Liga dos Campeões.

Ao Sporting chegaram dois jogadores do Sporting de Braga: Wender era namoro antigo, João Alves veio preencher a vaga de Rochemback, que foi jogar para Inglaterra. O Braga fez-se caro e vendeu por bom dinheiro (um milhão pelo avançado, 2.5 milhões por 50% do médio).

Wender vem ocupar uma das lacunas dos “leões” mas, também por isso, Peseiro vai ter que mudar a táctica para o encaixar e começar a jogar com extremos. Vamos ver como a equipa se adapta

O português com nome de craque é um bom jogador e seria a minha escolha. É jovem, sabe jogar e tem ainda margem de progressão. Rochemback era titular indiscutível em Alvalade, mas estava emprestado e, por isso, foi um bom negócio da SAD.

Já os “dragões” contrataram um jovem eslovaco desconhecido que faz toda a ala esquerda. Era indiscutivelmente uma das lacunas do plantel portista, especialmente tendo em atenção o castigo a Nuno Valente e a irregularidade de Leandro. Os dois jogadores acabaram por sair e agora, Cech vai ter a concorrência do adaptado César Peixoto.

Resumindo e concluindo a equipa de Co Adriaanse parece ter muitas e boas opções em (quase) todas as posições. A equipa parece muito equilibrada, falta resolver a questão da defesa (algo instável perante a velocidade adversária) e começar a concretizar as oportunidades criadas.

No Sporting, o plantel tem mais opções que na época passada. A questão é saber se José Peseiro tem mãozinhas para conduzir esta camioneta. A entrada de Wender pode, ou não, destabilizar o equilíbrio da equipa.

O campeão Benfica é o que, por incrível que pareça, está com mais problemas. Não só porque já está atrasado na tabela classificativa, mas também porque o treinador, de repente, parece ter ficado com dúvidas em relação à táctica a utilizar. Por outro lado, continua a faltar o verdadeiro “matador” e alguém que possa substituir Simão e ou Geovanni.

Em Janeiro saberemos o que os treinadores acham dos jogadores que têm à disposição. O “mercado de transferências” vai voltar a abrir…